Suárez e Cavani em leilão
Barcelona arruma a casa destroçada e coloca no mercado de uma penada Luis Suárez, Ivan Rakitic, Arturo Vidal e Samuel Umtiti. Quatro chicotadas na sequência de um telefonema espartano de Ronald Koeman - parece que um minuto bastou ao treinador holandês para lhes dizer: não conto contigo. Deste quarteto, que pode torna-se sexteto, septeto ou octeto, segundo vários jornais catalães (haverá mais jogadores na calha para sair), temos de destacar o uruguaio Luis Suárez, lugar tenente de Messi e uma das maiores figuras do Barcelona mais feliz e titulado da história. Suárez, 33 anos como Edinson Cavani (seu parceiro de ataque na seleção uruguaia), é craque absoluto. Topo de gama. Um dos melhores avançados do último decénio. Esqueçam a idade, para não termos de lembrar os 35 anos de Cristiano Ronaldo (48 golos nesta época) e os 38 anos do incombustível Zlatan Ibrahimovic. Suárez vale 477 golos em 759 jogos e não lhe faltarão convites para prosseguir a carreira a um nível altíssimo - ou seja, em clubes habitués das etapas decisivas da Champions. São esses que Suárez quer, sem prejuízo de a ligação sentimental aos holandeses do Ajax poder falar mais alto - foi ali que ele explodiu para o estrelato internacional.
O mesmo se diga de Edison Cavani (403 golos em 702 jogos), outro fabuloso ponta de lança originário deste pequeno país sul-americano que já fez parte do Império colonial português sob a designação Província Cisplatina. O Benfica fez muito bem em tentar seduzir o goleador do Paris Saint-Germain, mas creio que estava na cara que Cavani, ao fim de sete anos a tentar ganhar a Champions num plantel soberbo como o do PSG, quererá prosseguir a carreira numa equipa capaz de lutar pelo título europeu. Estará disposto a esperar pela proposta que melhor se adeque aos seus objetivos. Nada mais natural: Cavani, como Suárez, é um futebolista habituado a expressar-se na elite, sabendo que garante aos interessados o mais importante no futebol: golos. Olhando para as lacunas de alguns colossos do futebol europeu nesse capítulo - Real Madrid, Juventus e Manchester United à cabeça… mas podia citar outros - é difícil imaginar o fecho do mercado sem que estes dois monstros tenham sido contratados por um candidato habitual à Champions.
O mercado aberto pelas dispensas do Barcelona e as notícias que dão conta de outros futebolistas famosos empurrados para a porta de saída pelos clubes ou pelos seus novos treinadores (como o juventino Gonzalo Higuaín, considerado dispensável por Andrea Pirlo) vão certamente provocar mexidas interessantes nalguns plantéis europeus - quiçá um efeito dominó - dada a categoria dos nomes em análise. E notem que nem sequer estou a equacionar a saída de Lionel Messi do Barcelona, sabendo-se que o Inter (se o governo chinês der o aval à Suning, proprietária do clube milanês) e o Manchester City (financiado pelo emirato árabe Abu Dahbi) têm dinheiro para o contratar. É claro que a saída de Messi, a acontecer, obrigará o clube catalão a decretar oficiosamente o fim do ciclo mais brilhante da sua história; como obrigará o presidente Bartomeu, com os milhões encaixados com a venda do argentino, a contratar dois ou três futebolistas de dimensão mundial para ajudar Ronald Koeman a iniciar o novo ciclo. O mercado a sério vai começar agora…
PS - Este espaço vai de férias. Vemo-nos dentro de quinze dias.