Sportinguistas não foram ingratos...

OPINIÃO07.03.202205:30

O momento definidor da presidência de Varandas foi o da decisão de pagar dez milhões de euros pela cláusula de rescisão de Rúben Amorim

AS eleições no Sporting acabaram por ser a crónica de uma vitória anunciada de Frederico Varandas. Sem surpresa, o presidente cessante foi reeleito, ficando agora perante o desafio de levar o segundo mandato até ao fim, algo que não acontece em Alvalade desde os idos de João Rocha. Os números do sucesso de Varandas foram expressivos, chegando aos 86 por cento, mas há que lembrar que, neste contexto dos clubes, não valem tanto como noutras realidades: no Sporting, por exemplo, José Eduardo Bettencourt foi eleito em 2009 com 89 por cento dos votos e não chegou a meio do mandato, o mesmo sucedendo a Bruno de Carvalho, a quem os 86 por cento obtidos na reeleição de 2017 não bastaram para evitar o desastre que se seguiu em 2018.
De qualquer forma, Frederico Varandas tem à disposição uma base de apoio significativa, e vive  (porque ajudou a criá-la) numa situação de pujança desportiva, que prenuncia ser possível a estabilidade que pediu encarecidamente no discurso da vitória.  
Nessa intervenção, Varandas afirmou que o momento mais relevante do seu mandato de 2018/2022 tinha sido a recompra das VMOC, garantia de que os leões deixavam de correr o risco de perder a maioria na SAD em 2026. Porém, tal não corresponde à realidade. O momento definidor da sua presidência, depois de um despedimento extemporâneo de José Peseiro, de uma aposta pífia em Marcel Keizer e de uma escolha sem critério de Silas, foi a contratação de Rúben Amorim, e não me parece sequer avisado que Frederico Varandas não puxe dos galões dessa decisão. Não é todos os dias que se vê um clube, na condição desportivo-financeira periclitante em que o Sporting se encontrava, arriscar dez milhões de euros no pagamento da cláusula de rescisão de um treinador. Foi uma decisão sem meio termo, destinada a correr muito bem ou muito mal, que acabou por levar o Sporting ao olimpo e Varandas, que meteu a cabeça no cepo por ela, às portas do paraíso.  
Para o mandato 2022/2026, Frederico Varandas, que afirmou não se ver no cargo mais do que oito anos, tem como prioridade a estabilidade que será base dos sucessos desportivos; mas, ao longo dos próximos quatro anos, o debate sobre a titularidade  dos clubes nas SAD estará na ordem do dia e o Sporting não será exceção...
 

ÁS — SÉRGIO CONCEIÇÃO

Tomou em devida conta as sirenes de alarme que soaram depois da jornada do Olímpico de Roma, e tratou de adaptar a equipa às possibilidades do plantel. Mesmo assim, venceu com autoridade em Alvalade e foi a Paços reafirmar uma sólida candidatura ao título. Este FC Porto é, cada vez mais, uma equipa de autor.
 

ÁS — ISLAM SLIMANI

Não estava fácil a prova de vida do goleador argelino nesta segunda passagem por Alvalade. Felizmente, para os leões, Slimani emergiu quando a equipa mais precisava dele, marcando dois golos na partida com o Arouca e mostrando que pode perfeitamente ser utilizado por Rúben Amorim em simultâneo com Paulinho.
 

DUQUE — ‘HOOLIGANS’

Primeiro, foi Alvalade a assistir à chuva de tochas da Juve Leo sobre a baliza de António Adán; três dias depois, a idiotice transferiu-se, pela mão dos No Name Boys, para o Algarve, provocando a interrupção do Portimonense-Benfica. Impune, o hooliganismo continua a fazer o seu caminho pelos estádios de Portugal.