Sporting e SC Braga desconfortáveis

OPINIÃO18.09.201902:10

Há uma semana escrevemos sobre a participação do Benfica na Champions. Hoje é a vez do quarteto português na Liga Europa. Amanhã começa a fase de grupos e, basicamente, FC Porto (com Young Boys, Rangers e Feyenoord) e Sporting (PSV, LASK Linz e Rosenborg) calharam em grupos acessíveis. Têm ambos a obrigação de passar. O FC Porto, a equipa portuguesa com mais estofo e melhor currículo internacional, tem um incentivo suplementar para tentar chegar a uma terceira final nesta competição: a próxima Supertaça Europeia joga-se no estádio do Dragão e o vencedor da Liga Europa será um dos finalistas. Não será fácil o caminho porque há equipas bastante fortes em prova - por exemplo, Sevilha, Arsenal, Roma, Lazio, Man United, E. Frankfurt, Wolverhampton, Borussia M’bach… - e outras ainda virão da Champions (pense-se nos grupos da morte, o F com Barça, Inter e Dortmund; o H com Ajax, Chelsea e Valência; dois deles deverão cair para a Liga Europa). Mas é preciso lembrar que o FC Porto venceu esta competição por duas vezez nos últimos 16 anos (em 2003 com Mourinho e em 2011 com Villas Boas) e que o explosivo Sérgio Conceição quererá certamente dar ao portismo uma compensação para a inexplicável eliminação da Champions aos pés do minorca Krasnodar. O Young Boys, bicampeão suíço, é o primeiro rival dos dragões. Vai ao Dragão sem o ex-benfiquista Sulejmani e o médio luxemburgês [de origem cabo-verdiana] Christopher Martins. O FC Porto ainda é um projecto em contrução, com demasiadas e por vezes surpreendentes oscilações. Um pouco à imagem do treinador, a equipa vem alternando ataques de fúria (boa) com momentos de incompreensível descontrolo emocional. Mesmo assim, deve chegar para levar o Young Boys ao tapete.
O Sporting vive em reconstrução desde o infame ataque a Alcochete, que perturbou profundamente (mais do que é público) o futebol do clube. Desde então, nada parece definitivo. Leonel Pontes, o quarto treinador num ano, está a realizar a segunda pré temporada da época… na condição de «interino», o que desde logo traz subjacente não se tratar de uma escolha convicta, uma aposta firme por parte de quem manda - que, se calhar, era o que clube mais precisava neste momento. Com ideias novas, jogadores novos e sem Raphinha e Bas Dost, Ponte tem uma mão cheia de jogos para mostrar se pode ou não passar a Lage, digo, a treinador definitivo. No Bessa não correu muito bem. E o sorteio da UEFA deu-lhe na estreia o PSV, adversário mais dificil do grupo e logo em Eindhoven. Onde mora o ex-leão Bruma e onde brilha Donyell Malen, um miúdo de 20 anos formado nas escolas do Ajax. No último fim de semana, este rapaz marcou os cinco golos do PSV ao Vitesse (!). O resultado da Holanda pode ajudar Leonel Pontes a ganhar espaço e crédito (ajuda o regresso de Vietto e Luiz Phelyppe), como pode acentuar a interinidade do seu cargo, se a noite correr mal. E colocar o presidente Varandas numa posição ainda mais delicada.  


Quanto ao par minhoto, a conversa é outra. O Vitória tem duas equipas muito fortes no grupo (Arsenal e E. Frankfurt, respectivamente, finalista e semifinalista na edição anterior) e só um adversário aparentemente ao alcance, precisamente o do jogo de abertura: o Standard  de Liège de Preud’Homme, onde alinham Mehdi Carcela e Orlando Sá. Creio que será muito dificil a passagem à fase seguinte num grupo em que o segundo favorito (Frankfurt) tem no ataque jogadores com Bas Dost, Gonçalo Paciência e André Silva (!). O SC Braga tem Wolverhampton, Besiktas e Slovan como parceiros. Nada fácil, embora a equipa de Espirito Santo esteja a atravessar um momento diabólico na Premier (é 19.º) e o Besiktas, em crise financeira, tenha perdido unidades importantes no último ano e meio. O Braga começa em Inglaterra contra o maior contribuinte individual da Selecção Nacional (Rui Patrício, Rúben Neves, João Moutinho e Diogo Jota). Tenho visto o Braga em acção e acho que não tem tido sorte nenhuma: joga muito, mas muito mais do que os resultados deixam supor. Mas por serem os resultados, e não o belo jogo, aquilo que conta no futebol e determina a aceitação (ou rejeição) dos treinadores, o Braga (e por arrastamento Sá Pinto) está como o Sporting: desconfortável. A precisar de um resultado entusiasmante para arrebitar. Talvez amanhã?...