Sim, o caminho a seguir deve ser esse…

OPINIÃO25.02.201903:01

Frederico Varandas não tem aquilo que convencionou definir-se como o dom da palavra. Comunicar não é o seu forte e as pessoas que o acompanham na aventura de liderar o Sporting pós-Bruno de Carvalho também não são dotadas da verve que move multidões. Na comunicação sobre o estado da nação leonina, este handicap ficou à vista de todos.

Não obstante, a mensagem de que eram portadores ia muito além da forma, e a coragem para pegarem, pelos cornos, vários touros que assombram Alvalade há muito tempo, merece respeito e elogio. O que foi dito, na última sexta-feira, pelo presidente do Sporting e aqueles que lhe são mais próximos, deverá ser preservado para memória futura, porque foram capazes de colocar o dedo nas várias feridas que impedem o Sporting, de há muitos anos a esta parte, de cumprir um destino que não pode nem deve conformar-se com a conquista de quatro campeonatos nacionais de 1974 para cá.

É claro que Bruno de Carvalho fez parte da comunicação de Frederico Varandas. Mas o ex-presidente é caso para o Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting e para as demais instâncias judiciais que forem chamadas a intervir. Por mais ruído que, a cada derrota, os brunistas fizerem, não será isso que terá peso nas decisões mais importantes da vida do Sporting.

Determinante, para os leões, será a capacidade da equipa de Frederico Varandas recuperar a formação como bandeira do clube, respeitando décadas de história e honrando João Rocha e quem com ele trabalhou nesse sentido (!!!) e também José Roquette, que viu mais além e teve a capacidade de ser pioneiro nas Academias.  Se Varandas, num momento de carência financeira, tomar a formação como prioridade, estará a dizer urbi et orbi que está na presidência para servir o Sporting e não para se servir do Sporting. Porque estará a ser paladino de uma causa sem retorno imediato, todavia estruturante para o clube, in saecula saeculorum.         

Depois, Frederico Varandas teve a coragem de dizer, alto e bom som, que a liderança de uma das claques, a Juventude Leonina, não serve o clube de forma desinteressada, e recusou ser refém de qualquer grupo organizado em torno do clube. Desde que Joan Laporta, no Barcelona, com custos que quase duas décadas volvidas continua a pagar, enfrentou os Boixos Nois, que não se via coisa assim...