Segundo Schmidt

OPINIÃO25.08.202206:30

Um bom treinador que melhora mais do que 10% (pondo os seus jogadores a voar...)

NÃO, contra o Kiev o que vi não foi tanto Messi ou Ronaldo a insinuarem-se, num instante ou noutro, nos pés do David Neres - foi o Roger Schmidt numa frase do Trapattoni:
– Um bom treinador pode no máximo melhor uma equipa em 10%, um mau treinador pode no mínimo piorar uma equipa em 50%...
Nisso não tenho dúvidas: foi de bem mais 10% a melhoria no Benfica - que, com Roger Schmidt, nunca dá a sensação de se perder no pé no sopé das suas angústias ou dos seus desnorteios, das suas fragilidades ou suas descrenças.
Não, contra o Kiev o que vi não foi tanto Messi ou Ronaldo a insinuarem-se, num instante ou noutro, nos pés do David Neres - o que eu vi foi o Roger Schmidt numa famosa frase do Bielsa:
– Nós, os treinadores, podemos cometer dois pecados: fazer andar os jogadores que voam ou fazer voar os jogadores que andam. E eu penso: se tiver de ir para o inferno que seja pelo segundo…
Nisso, não tenho dúvidas: independentemente do adversário ter asa curta (ou bamba), o Benfica nunca deixou de ser uma equipa com todos os seus jogadores a voar (mesmo quando não parecia que voavam) porque dentro da cabeça do Roger Schmidt está, afinal, uma ideia que o Jurgen Klopp deu do que deveria ser o seu jogo (o jogo das suas equipas) antes de um desafio com o Arsenal:
– Wenger gosta de jogar, de ter a posse da bola. É como se a sua equipa fosse uma orquestra, às vezes com música silenciosa. Comigo não, não pode ser assim, que eu gosto mais de heavy metal…
… e sim, é assim, este Benfica de Roger Schmidt - na busca intensa da bola para nunca a desprezar (ou a usar em extravagância inútil). Da baliza adversário posta nos olhos de quase todos os seus jogadores, fazendo em afinado heavy metal  - da vertigem à circulação, do arrojo ao pressing, do frenesim à concentração, da volúpia ao fogacho, da sagacidade  ao controlo (e à segurança). No fundo, aquilo que Sérgio Conceição nunca deixou de fazer no FC Porto...