Se não foi na América - efeito VAR, parte 1

OPINIÃO14.09.201904:00

Um adepto do Schalke interpôs esta semana uma ação por fraude contra o árbitro Marco Fritz e contra o videoárbitro Bastian Danker por alegados penáltis não assinalados no 0-3 com o Bayern. Entende o adepto que as decisões de arbitragem têm agora requisitos para uma validação técnica superior, por força do VAR, e que podem ser contestadas com alicerces que, no tempo de uma mera humanidade, eram mais difíceis. Antes errava-se porque não se via, agora erra-se porque se vê mal.

O adepto irá, claro, perder a ação. Por mais que o VAR torne as decisões mais técnicas e ponderadas, ou torne os erros mais injustificados, o futebol continua submetido às leis do jogo e das competições que o organizam, aceitando os tribunais esse espaço próprio que sustenta o espírito das provas. Ponto 6 da Lei 5: «Um árbitro não pode ser responsável por qualquer prejuízo causado a pessoa física, clube, empresa, associação ou organismo, e que seja imputado ou possa ser imputado a decisão tomada em conformidade com as Leis do Jogo ou relativa aos processos requeridos para organizar um jogo, disputá-lo ou controlá-lo.» É simples, mas o VAR parece ter fortalecido uma consciência de que esta lei pode ser agora questionada. Não pode. 

Não só no futebol: também nesta semana um advogado adepto dos New Orleans Saints desistiu do processo que movera contra a NFL a respeito de uma decisão de arbitragem que levou os LA Rams, e não os Saints, ao Superbowl. O Supremo Tribunal do Luisiana clarificou que uma decisão num jogo, se dentro das leis do jogo, fica ali, no jogo. Se não aconteceu na América, ainda não pode acontecer noutro lado. Nem na Alemanha.