Saiu fumo verde do conclave leonino
Frederico Varandas está assim como os cinco presidentes norte-americanos que venceram eleições com menos votantes que o adversário mais próximo (o caso mais recente foi o de Donald Trump que teve quase menos três milhões de votos que Hillary Clinton). Porém, como o sistema eleitoral do Sporting contempla o princípio de que todos os sócios são iguais, mas uns são mais iguais que os outros, nada haverá a opor ao triunfo do capitão médico. Para que não subsistam quaisquer dúvidas quanto ao meu pensamento nesta matéria, creio que esta é a fórmula que melhor defende a identidade dos clubes, premiando a fidelidade e preservando a matriz original.
Foram, pois, os sócios com mais votos que deram o triunfo a Frederico Varandas, não colhendo, porém, a tese de que desconfiaram da juventude de João Benedito, que é mais velho que o presidente eleito e já empossado. A explicação para tal escolha deverá encontrar-se quer na oposição direta, muito mediatizada, de Frederico Varanda aos últimos tempos de Bruno de Carvalho (enquanto Benedito foi opositor do presidente destituído durante mais tempo, mas sempre em regime de low profile) e também em algumas escolhas para os vários órgãos sociais.
No day after da tomada de posse de Frederico Varandas, alguns aspetos devem ser salientados, nomeadamente a vontade, que se ouviu ao longo do dia de sábado, dos sportinguistas desejarem ardentemente a pacificação do clube, depois de anos de desvario e sectarismo; neste âmbito, Frederico Varandas pode contar com algum estado de graça, num clube que quer voltar uma página negra da sua história. Mas é incontornável a importância do número de votantes que acorreu a Alvalade e se expressou por correspondência, numa manifestação de vitalidade associativa, num contexto em que o ex-presidente e quem o apoiou apelou ao boicote ativo à farsa eleitoral. A resposta foi extraordinária e deve ser não só motivo de orgulho para a nação leonina, como também um excelente ponto de partida para um futuro que se paute pelos princípios de 1906.
Cumprido o ato eleitoral e feita a festa da posse, seguem-se os trabalhos de Varandas, com a questão financeira a sobrepor-se a todas as outras. E, apesar de tudo, haverá sempre a curiosidade de ver o que reservará Bruno de Carvalho para os dias, meses e anos que se seguem...