Rui Costa precisa de ser comandante
Os jogadores do Benfica têm de assumir as suas responsabilidades que, por sinal, não são pequenas. Vai ser preciso atitude e compromisso
OBenfica está a cozer a sua crise em lume brando. Para os benfiquistas é um suplício difícil de suportar. Para os seus rivais, uma justa ira dos deuses. Podemos e devemos indignarmo-nos com essa justiça de porta aberta, promíscua e imprópria de uma sociedade civilizada, que traz os processos mais mediáticos para a Praça Pública, oferecendo-os numa bandeja aos mensageiros criteriosamente escolhidos, levando a um inevitável julgamento popular que se antecipa ao julgamento dos tribunais. No entanto, essas naturais razões de queixa do Benfica não invalidam as suas próprias responsabilidades, ou as responsabilidades de quem o representou ao mais alto nível e não cuidou de preservar o bom nome e a identidade histórica daquele que, ao longo de mais de um século, se tornou o clube mais popular de Portugal.
Ninguém sabe ainda a profundidade e a gravidade das feridas abertas, mas sabe-se que num clube de futebol com a dimensão do Benfica, nenhuma ferida se consegue sarar sem vitórias.
Por isso, este é o momento em que Rui Costa tem mesmo de assumir o comando do navio e traçar, enfim, uma rota segura. Precisa de dar força à liderança, mesmo que provisória, de Nélson Veríssimo, e precisa de dizer alto bom som que os jogadores têm de assumir as suas responsabilidades que, por sinal, não são pequenas.
A doença, como já se percebeu, não vai lá com aspirinas. É séria e obriga a um compromisso inabalável. Se há grupos e grupinhos na equipa, informadores clandestinos, gente que pensa mais no seu umbigo do que no interesse de toda a equipa, a resposta só pode ser firme e intransigente e não se limitar aos habituais lugares comuns que afirmam que a culpa é de todos e que a atitude profissional nunca foi posta em causa.
Para quem se limita a ver os jogos do Benfica em campo, a verdade é que a atitude, o comportamento, o compromisso parecem, mesmo, em causa. Pode não passar de uma aparência, mas no futebol e no jogo, o que parece, é.
Virar a página, é o que o Benfica precisa para se recompor e iniciar um caminho de recuperação da sua identidade. O futebol português precisa de que os seus clubes mais fortes não se tornem fracos e se é verdade que nos últimos anos pudemos contar com o notável crescimento competitivo do Sporting e a continuada persistência do FC Porto, também é verdade que estamos a assistir a uma perigosa queda do Benfica.
O presidente do Benfica, Rui Costa
FREDERICO VARANDAS anunciou, sem surpresa, a sua recandidatura à presidência do Sporting. Será uma eleição de vencedor anunciado, mas não deixa de ser curioso que ainda não há muito tempo, Varandas era um presidente olhado com profunda inquietação pela maioria dos sportinguistas e com muito ceticismo por parte dos analistas do futebol português. Pouco vocacionado para uma comunicação fácil e empática, sem um discurso mobilizador e sem um taticismo próprio dos habituais poderes do futebol português, Varandas construiu um admirável mundo novo em Alvalade. Mais são, mais transparente, mais virtuoso e, o mais importante, verdadeiramente ganhador, não apenas no projeto do futebol profissional, mas em todas as modalidades desportivas do clube.
Frederico Varandas tem sido, de facto, uma agradável surpresa. Haverá quem diga que muito beneficia da qualidade e do talento de Rúben Amorim, mas importa não esquecer que foi ele quem apostou tudo no jovem treinador, investindo convicção e bom dinheiro, mesmo quando muitos o apelidavam de louco. É, pois, justo que receba os louros de um mérito absolutamente indiscutível.
PROFESSOR DOUTOR JORGE ARAÚJO
Jorge Araújo, professor e ex treinador de basquetebol, com 40 anos de atividade ao mais alto nível e senhor de um assinalável currículo, foi aprovado por unanimidade, distinção e louvor no doutoramento de filosofia da Universidade de Coimbra. Depois de ter terminado a sua brilhante atividade ligada ao basquetebol, Jorge Araújo tornara-se especialista na área das lideranças e tem publicado várias obras ligadas ao comportamento dos treinadores, tendo mesmo assumido algumas experiências novas criando a figura do treinador de treinadores.
AS VIRTUDES DESPORTIVAS
Manuel Sérgio será certamente um dos grandes pensadores do desporto. Ele trouxe-nos a filosofia para o estudo do desporto na sociedade e assumiu novos paradigmas, alguns em rotura com uma certa norma vigente da chamada educação física. A sua obra deu origem a uma cátedra na Universidade Católica que, acaba de lançar uma notável edição sob o título Breve Tratado das Virtudes Desportivas. Muitos e qualificados autores, entre os quais Tolentino de Mendonça que nos oferece o jogo como inseparável da cultura.