Rui Costa e a cidadania benfiquista

OPINIÃO27.09.202107:00

A composição da lista de Rui Costa dirá muito sobre o modelo de governação que o presidente-candidato quer para o clube

Aexcelente prestação desportiva da equipa de Jorge Jesus tem sido decisiva para o tom pouco inflamado em que vai decorrendo a pré-campanha eleitoral do Benfica. Rui Costa, que teria sempre uma vantagem acrescida por ser figura de referência do universo encarnado, vive assim um estado de graça assinalável, sendo também verdade que a forma inclusiva como geriu alguns dossiers da cidadania benfiquista, retirou pressão à panela da contestação. É evidente que os resultados da principal equipa de futebol não deveriam ser chamados para a criação de uma convicção de sentido de voto. Mas nos clubes são estas as regras não escritas, é assim que funciona e não se vislumbra que alguma vez deixe de sê-lo. Da mesma maneira, a dimensão da vitória eleitoral neste universo específico, tem pouco significado no futuro imediato.
Dentro de poucos dias saber-se-á a composição da lista de Rui Costa, ou seja, perceber-se-á até que ponto há um corte com o passado. Luís Filipe Vieira, a partir de um determinado momento, entendeu que devia ter os amigos por perto e os inimigos ainda mais por perto, e foi por isso que tentou ‘domar’ os principais opositores, fossem eles Jaime Antunes, José Eduardo Moniz, Varandas Fernandes, Fernando Tavares ou Rui Rangel. Desta política resultou uma pax romana, por um lado geradora de pouca solidariedade, mas por outro nada obstrutiva do exercício totalitário do poder. Talvez Rui Costa precise de uma Direção de natureza diferente, escolhida com critérios diversos daqueles do antecessor, e com outro tipo de partilha de poder. Para já, o modelo divulgado para a integração dos meios de comunicação do Benfica na campanha eleitoral parece agradar a gregos e troianos. Difícil? Nem por isso. Bastou que fosse adotados alguns princípios básicos da democracia…
Dentro das quatro linhas, segue-se que o Barcelona pós-Messi, que tem vivido mergulhado em dúvidas e dívidas. Qual o maior risco que corre, depois de amanhã, a equipa de Jorge Jesus? Desvalorizar o adversário, acreditar que se trata de uma equipa acessível, sem perceber que do outro lado estarão jogadores de grande nível, que têm naqueles 90 minutos uma oportunidade de dar um pontapé na crise. Se o Benfica desconfiar deste Barcelona, ficará mais perto da vitória.

ÁS – JORGE JESUS

Invicto, sete jogos, sete vitórias, na Liga, entrada na Champions onde tem um empate em Kiev, eis os números impressionantes de Jorge Jesus. Segue-se, depois de amanhã, uma prova de fogo ao estado de prontidão do Benfica Europeu, quando o Barcelona pós-Messi pisar o estádio da Luz. Um enorme desafio! 

REI – RÚBEM AMORIM 

Ter estrelinha, no futebol, não significa, simplesmente, ter sorte. Quer dizer que, mesmo com as hipóteses a diminuírem à medida que o relógio avança, ainda se consegue levar a tarefa a bom porto. E tem mais estrelinha quem mais a procura, recusando entregar os pontos antes de tempo. Daí, Leão da Estrela…  

DUQUE – BRUNO FERNANDES

Falhar um penalty nos descontos, desperdiçando a possibilidade de transformar uma derrota num empate, traumatiza qualquer um. Tocou a Bruno Fernandes, que pagou o preço de respirar o mesmo ar que Cristiano Ronaldo. A pressão falou mais alto e a bola saiu à imagem do remate de Beckham no Euro 2004.