Risco desportivo
António Salvador com Nasser Al-Khelaïfi e Fernando Gomes na Cidade Desportiva do SC Braga (Foto SC Braga)

Risco desportivo

OPINIÃO06.10.202309:15

O relatório e contas da Braga SAD de 2022-2023 trouxe um lucro inédito na ordem dos 20.3 milhões de euros e trouxe a novidade da sua acionista Qatar Sports Investments (QSI) ter reforçado a posição no respetivo capital social para 29,60%. No último trimestre de 2022, a QSI entrou no capital da sociedade desportiva bracarense através da compra de 21,67% de ações que pertenciam à Holding do universo da Olivedesportos. Com tanta exigência para se evitar conflitos de interesses e bradar a tão propalada transparência em torno das sociedades desportivas, ainda hoje não se percebe como é que se permite a um veículo da Olivedesportos poder ser acionista deste tipo de sociedades quando a Sport TV Portugal, S.A. é detida, em 75% do seu capital social, pelas três maiores operadoras nacionais (ZON, MEO e Vodafone) que, por sua vez, também patrocinam sociedades desportivas. Proteção de direitos adquiridos? Talvez. Mas já ninguém se lembra que o monopólio atual das transmissões televisivas das duas ligas profissionais nacionais ainda se encontra nas mãos deste grupo? Futuramente, perante a oficialização daquele que será o formato da execução da centralização dos direitos televisivos na Liga de Clubes, resta saber se a Olivedesportos, através dos seus acionistas da Sport TV ou de outros investidores, terá capacidade financeira para entrar em cena visto que os valores a pagar vão encarecer. Regressando a Braga, não nos devemos esquecer que quem controla a QSI é o próprio Estado do Catar. Logo, os direitos de voto na sociedade desportiva minhota a este pertencem. É uma estratégia forte e interessante. Porém, arriscada pois dependerá sempre do nível de submissão a que se sujeitaram perante quem investe. Tome-se como ponto de partida o mercado da Braga SAD para esta época: fizeram 6 aquisições num total de 17.8 milhões mas venderam outros 6 pelo total de 11.1 milhões. A aposta é claramente desportiva por ter aumentado o valor de mercado do plantel para 126.20 milhões. Mas a 1.ª liga tem uma hierarquia consumada por 3 ordens supremas com mais do dobro do valor em plantéis (SLB com 359.63, FCP com 289 e SCP com 280.30). O investimento não pode ser pontual. Tem que ser feito para durar.