‘Revolução’de Proença

‘Revolução’de Proença

OPINIÃO28.04.202306:30

Q UAL Otelo Saraiva de Carvalho, o atual Presidente da Liga de Clubes declarou publicamente que o 22 de março de 2021 está para o futebol em termos de revolução como o 25 de abril de 1974 esteve para o País. É que aquela data desconhecida do público em geral corresponde à aprovação do Decreto-Lei 22-B/2021 relativo à futura centralização dos direitos televisivos. Os contratos subscritos pelas sociedades desportivas (SD) das 2 Ligas profissionais sobre os seus direitos de transmissão estão em vigor até à época desportiva 2027/2028. A não ser que o General Proença inicie a revolução antes de decidir avançar para um gabinete na Cidade do Futebol ao invés de manter-se na Rua da Constituição. No eventual cenário sem Proença, releva saber se a ideia passa por reconduzir os atuais corpos gerentes da sociedade comercial Liga Centralização ou se pretendem rodar as cadeiras à imagem do que já sucede com a direção da própria Liga.

Qual será, então, o futuro incógnito de Domingos Soares Oliveira e, já agora, de outros nomes como Tiago Madureira (ex-marketing manager do Braga) e Rui Caeiro (ex-membro da Sporting SAD, Sporting TV e do Conselho Diretivo do clube leonino). A título de curiosidade técnica nonsense, resulta do registo comercial da referida Liga Centralização que a residência declarada por este trio de gerentes situa-se no Avenida Eusébio da Silva Ferreira, ou seja, no Estádio da Luz. É, de facto, uma casa que acolhe o povo indiferentemente das suas preferências clubísticas! Mas tal leviandade declarativa prova a falta de sensibilidade desportiva. Proença, a sua Liga e a consultora Ernst & Young são as caras do slogan «se o valor potencial do futebol português é de 176 milhões hoje, pode passar a 325 milhões com esse modelo». Qual? 50% divididos por todas as SD, 25% por performance e 25% por força social (adeptos). À espanhola. Mas, conforme já referido no passado desta coluna, os endinheirados que procuram comprar os direitos da La Liga (para revender ou transmitir), estarão dispostos a apostar elevado por direitos de uma Liga com norma anticorrupção e que, ao mesmo tempo, perde a conta a casos judiciais dos seus dirigentes passados e futuros?