Repito: já se pode dizer basta?

Desta vez, os pedidos de ajuda parecem vir de dentro, partindo dos próprios jogadores

P ORTUGAL ainda pode estar no Mundial, mas mesmo que aconteça (e todos o desejamos) não é possível olhar para esta qualificação e não pensar em fracasso. A diferença de argumentos entre Portugal e Sérvia, que tem qualidade, é tal, que não garantir o apuramento direto e, arrisco, triunfos em todos os jogos será sempre de menos. Não podemos também olhar para o desastre na Luz como acidente de percurso, tantos os sinais, em qualificações e fases finais, que o grupo, com Fernando Santos ao leme, tem dado. Sinais que o próprio selecionador, preso a uma ideia gasta e já muito pouco bem-sucedida - basta olhar para o Mundial-2018 e o Euro-2020 -, não tem percebido ou não tem querido perceber. Não se enganem, Santos nunca quis mudar. E vamos ver agora, quando os gritos a pedir ajuda vieram de dentro, logo depois de o técnico ter-se sentido obrigado a puxar dos galões, lembrando que foi a sua primeira derrota em casa e o seu primeiro play-off. Também os jogadores querem dizer basta. Ou, pelo menos, pedem mudança de mentalidade. Não podemos todos dizer basta? Se não ao selecionador, pelo menos à ideia? É que mesmo que a Seleção se apure a jogar assim teremos de questionar o que fica para o Catar.
Portugal nunca teve um campo de recrutamento tão extenso, posição por posição. A precisar de empatar, perante o seu público, com jogadores em grande forma e em grandes equipas, prestou-se a triste figura. Se a Seleção precisa de apenas um empate, então o mais provável é que se dê força a esse pensamento, e não ao ofensivo. Esqueçam o jogar bonito. Trata-se sim de jogar bem. Ter os futebolistas certos nas posições certas, com movimentos que ofereçam continuidade ao coletivo. Este selecionador não sabe atacar, mas também para quem gosta tanto de defender já nem isso consegue fazer bem.