Reflexões
A Taça da Liga está a crescer. Está mais forte, competitiva e credível. Esses sinais deduzem-se, sobretudo, através da atitude positiva de jogadores/treinadores e da reação entusiasmada de adeptos/imprensa. São excelentes notícias para o futebol português. Mas a verdade é que o acréscimo de vitalidade significa acréscimo de responsabilidade.
No passado fim de semana, ficou claro que a videotecnologia deve ser utilizada a partir dos jogos da fase de grupos, porque esses são tão ou mais importantes do que aqueles que hão de vir em etapas posteriores.
É aí que se filtram os melhores, que se determina quem passa e quem fica, que se lançam os futuros finalistas.
Há uma tendência generalizada - não apenas no futebol e não apenas em Portugal - para desvalorizarmos os entretanto, apostando todas as fichas nos finalmente.
A ver se me faço entender: é como se o mais importante numa refeição fossem as sobremesas e não as entradas ou o prato principal. Ou então é como se quiséssemos começar a educar uma criança a partir da sua maioridade, em vez de lhe prestar outra atenção na fase inicial da sua vida.
Obviamente que há custos associados e questões que devem ser ultrapassadas, mas a preocupação deve centrar-se no fim. E o fim é trazer mais verdade desportiva e maior credibilidade a uma prova que quer afirmar-se como valiosa. Vale ou não vale a pena pensar nisso a sério?
Douglas Costa e Lucas Áfrico
Têm em comum o facto de terem sido bem expulsos.
De resto, as diferenças são substanciais: o jogador do Marítimo teve entrada violenta sobre Wendel, tentou desculpar-se em campo, deslocou-se ao balneário do adversário e aí pediu perdão ao colega. O gesto não anulou a gravidade da infração, mas provou a grandeza de um profissional, que soube reconhecer que se excedeu.
No extremo oposto, Douglas Costa. Além de uma falta inicial pincelada com cotovelada, ainda cuspiu na cara de Di Francesco, num tête-à-tête posterior, que exigia mais educação, civismo e respeito. O gesto foi desprezível e revelador do caráter da estrela brasileira. Pior mesmo só o pedido de desculpas, dirigido a «companheiros e adeptos». E ao adversário? E ao futebol? Que feio, Douglas.
Arbitragem
Alguns jovens árbitros parecem não estar preparados para jogos de maior mediatismo, onde o erro é escrutinado ao detalhe e o ruído exponenciado ao máximo.
Como alguém disse um dia: «Apitar é uma tarefa, mas arbitrar é uma arte.» O primeiro é o início do percurso, o segundo o objetivo.
Para quem nomeia e dirige, a missão é ingrata, porque a linha que separa a necessidade de dar quilómetros e a gestão do que está em jogo, é ténue. Muito ténue.
Do lado de dentro, a certeza de que parte do plantel só pode crescer se tiver mais tempo, mais minutos, mais rotinas. Do lado de fora, a noção de que, em alta competição, não há espaço para testes, porque ali é o espetáculo final, não o palco dos ensaios.
Difícil, muito difícil, sem dúvida.