Que não se apague a Luz
Um pequeno milagre de 24 páginas, um Benfica que sairia engrandecido também se conseguir derrotar Vikto Gyokeres
Se você está a ler uma edição de papel de A BOLA saiba que o que tem na mão é um pequeno milagre de 24 páginas. Se está a ler este texto online, saiba que ele saiu como obrigação e dever, mas porque o momento é de todos saiu como pequena reflexão também. É nestas alturas que o jornalismo é essencial. Quando parece não haver respostas, quando se procura o que é fidedigno, quando no caos se busca organização. A possível, como é claro.
Nesta segunda-feira, sentimo-nos frágeis, creio, mas sobretudo impotentes. Percebemos que o que nos separa de um mundo caótico é tão mais simples do que queremos imaginar. É verdade que tudo se foi resolvendo, mas também é verdade que estivemos apagados para respostas durante uma eternidade: é essa a sensação temporal, nesta era em que vivemos, sempre de telemóvel em riste e com a informação, e, igualmente importante, os contactos, a caminharem-nos no bolso.
Portugal apagou-se num episódio para memória coletiva, um dia depois de Sporting e Benfica terem proporcionado dois festivais e a energia dos dois clubes se sentir de sul a norte do país. A luta dos dois rivais eternos continua taco a taco, golo a golo, com um coletivo encarnado a ter de lutar contra o maior fenómeno que se viu nos relvados portugueses em muitos, muitos anos.
Viktor Gyokeres será, de forma unânime, o jogador do campeonato, mesmo que o Sporting não o vença e o sueco merece, sem dúvida, ser Bota de Ouro europeu. Não é fácil, porque Gyokeres tem de marcar sempre muito mais que os outros, mas seria inglório estar tão perto e não o conseguir.
Um título do Benfica sairia engrandecido também pela época do sueco. As águias nem se lembraram de Angel Di María frente ao Aves SAD e a dúvida permanecerá: o argentino tem uma qualidade soberba na técnica, mas as dinâmicas são melhores com ou sem ele? A deslocação ao Estoril traz com ela perigos e memórias que todos têm, de um empate amargo, na Luz, há uns anos.
Entre uma goleada e outra, a certeza que havia é de que antes de o Sporting ir à Luz não haveria campeão; na próxima jornada, saber-se-á se ambos podem fazer a festa no grande jogo ou apenas um. Até lá, joga-se tudo no pormenor, da gestão dos amarelos, aos minutos de compensação. Todos correm para a Luz, e que cheguem lá como o dérbi e esta disputa merece: com Benfica e Sporting na máxima força para realmente ver quem é melhor este ano.
Se o Sporting não tem sido roubado no tempo de João Pereira [4 jogos e roubados 6 pontos] neste momento já era campeão. Neste momento, com a quantidade de padres e bispos que por aí andam, tenho muitas dúvidas, vejam-se as várias "ligas da verdade" onde todas dizem que o Sporting devia ter mais pontos e o Benfica menos. Para mim, a estatística só vale a partir do var, mas mesmo a partir daí ainda há muito roubo.