Portugal, a Champions e a Liga Europa

OPINIÃO22.04.201901:36

PORTUGAL recuperou pontos-UEFA à Rússia na temporada 2018/2019 e isso representa, sem dúvida, uma boa notícia. Porém, além da má temporada dos clubes russos, que também ficaram atrás da Holanda e da Bélgica, a representação nacional teve intérpretes muito díspares. E se o FC Porto foi bem eliminado pelo Liverpool, segundo da Premier League, e o Benfica foi mal eliminado pelo Eintracht Frankfurt, quarto da Bundesliga, já o Sporting abandonou a Liga Europa em confronto com o Villarreal, décimo sétimo em La Liga, enquanto que o SC Braga foi afastado pelo Zorya, que ocupa a quinta posição na Liga da Ucrânia e o Rio Ave despediu-se frente ao Jagliellonia, quarto do campeonato da Polónia.

Mas o mais grave na abordagem lusa às provas europeias é a sensação de que, ou é para meter as fichas todas nos milhões da Liga dos Campeões, ou então não vale a pena muito esforço, e o melhor mesmo é guardar energias para a competição interna.
E como será no futuro, na certeza de que, mesmo que não se chegue às Ligas europeias fechadas, o poder dos clubes mais ricos far-se-á crescentemente sentir?

Estarão os clubes nacionais minimamente motivados para competirem na 3.ª divisão da UEFA, que constará do calendário internacional a partir de 2021?

A competição interna é apaixonante e a rivalidade entre clubes representa um fator indissociável do impacto do futebol na sociedade. Mas os grandes saltos, em  popularidade, dados pelos clubes portugueses, deveram-se ao sucesso fora de portas. Foi na competição internacional que se lhes abriram horizontes e ganharam dimensão e perspetiva.

Nesta fase, em que claramente 18 clubes na Liga são de mais, era preciso que houvesse vontade de formatar a competição à medida de interesses que transcendessem o umbigo de cada um dos clubes; e que cada um estivesse virado para a qualidade do jogo e a evolução da indústria do futebol. Mas não deveremos perder tempo com essa utopia. De um país futebolístico onde os direitos televisivos não estão centralizados, os intervenientes diretos clamam que o negócio está inquinado, e não há nenhuma entidade com força suficiente para devolver a sanidade à equação, não há muito a esperar.      

PS - A recente rábula da fuga de informação das nomeações dos árbitros reflete o estado da arte...