Portimão e Miguel Oliveira
1 O Benfica em verdadeiros serviços mínimos ultrapassou o Paredes. Foi um jogo sem sal e em que se percebeu que há jogadores sem ritmo - e estes jogos também servem para lhes dar algum ! - e há outros sem confiança. Agora, com outra equipa, é o regresso à Liga Europa com uma deslocação difícil à Escócia. Nos outros jogos de ontem não houve surpresas mas houve, também , dificuldades . No Barreiro, na Trofa e em Arouca. Aqui com a decisão apenas nas grandes penalidades. E agora é esperar pelo sorteio da quarta eliminatória. Onde decerto não se poderão repetir os serviços mínimos. Não poderão mesmo !
2 A terceira eliminatória da prova rainha do futebol português, a Taça de Portugal, que neste fim de semana maioritariamente decorre, só acabará no dia 3 de dezembro , com o confronto entre o renascido Clube Estrela da Amadora e o Farense. Ontem tivemos oito jogos e amanhã , no Estádio Nacional, teremos o Sacavenense-Sporting. E nesta segunda-feira teremos mais jogos, entre outros o Real Massamá - e de Monte Abraão - com o BSAD e o Salgueiros contra o Covilhã. E na quarta-feira, num dia de referência para a democracia no pós 25 de Abril, o Casa Pia receberá o Nacional da Madeira. É uma eliminatória com muitos jogos objeto de transmissão televisiva - e muitos deles pelo Canal 11! - mas em que falta, de verdade, o calor do público. O calor em Aveiro no jogo entre o Beira-Mar e o Santa Clara ou em Vizela na receção ao Boavista. Ou em Felgueiras no jogo contra o Tondela. Ou em Espinho numa acesa disputa com o Gondomar. Ou em Torres Vedras com a visita do quase vizinho Alverca! Como faltou a alegria dos adeptos na sexta-feira, em Leiria, na eliminação do Portimonense face ao União de Leiria , aqui com Helton na baliza! Este tempo de pandemia é no desporto, em quase todo o desporto, um tempo dramático. Não há jogos de formação e o tecido associativo está muito fragilizado. Há menos atletas inscritos(as) e só o apoio autárquico permitirá que muitos clubes não fechem, por ora, as portas. Na Taça de Portugal falta o suporte popular, a verdadeira essência do desporto e, logo, do futebol. Falta o convívio e falta a fraternidade. O que fica são as receitas dos jogos televisionados que na generalidade dos casos atenuam, e muito, os dramas de diferentes tesourarias. O que fica deste tempo é o futebol na cadeira ou no sofá, é um jogo que seria em Sacavém ser transferido para o Jamor, é a tristeza de bancadas vazias, é ainda a angústia de uma possível terceira vaga de um vírus que abala e condiciona, que angustia e suscita múltiplas dores. Mas o que fica, o que fica sempre, é a Taça, esta prova que é rainha, o sonho de receber um grande e a convicção, e também uma crença, de que voltaremos a uma certa normalidade!
3 Hoje, em Portimão, o Autódromo Internacional do Algarve, com o forte impulso do presidente da Federação Internacional da modalidade, o português Jorge Viegas - um abraço apertado ! -, recebe a última prova do Mundial de 2020. É o regresso oito anos depois e com a esperança que nos próximos anos, já com público, Portimão volte a receber, com regularidade, provas do Mundial de uma modalidade que tem cada vez mais adeptos, muitos(as) verdadeiramente apaixonados. Sei bem que o André ou a Paula, o Samuel ou a Anabela tudo fariam para estar, neste fim de semana, no Algarve a empurrar - é o termo certo! - o Miguel Oliveira para uma vitória e para sentirmos a alegria - ambicionada - de escutar naquele Autódromo o Hino de Portugal. Miguel Oliveira, na simplicidade da sua maneira de ser e na humildade das suas declarações, bem merece, hoje, um princípio de tarde de glória. E cada um de nós, dos amantes da modalidade aos admiradores do Miguel Oliveira, não deixaremos de estar ligados e pegados à televisão e sentir cada volta com uma esperança redobrada e sabendo que há momentos em que o Miguel Oliveira pode atingir os 340km/hora. O que é arrepiante e impressionante! Boa sorte! Muitas felicidades! E bem hajam Miguel e, também, Jorge por este regresso a Portugal deste Mundial de motovelocidade!
4 Permitam quatro notas finais. A primeira para evidenciar que Itália, Bélgica, França e Espanha atingiram, com mérito, a final four da Liga das Nações. E com a Espanha a despachar, com uma goleada inesquecível, a Alemanha. A segunda para sublinhar o feito da equipa feminina do Benfica que, com uma vitória em Bruxelas face ao Anderlecht, garantiu um lugar nos dezasseis avos de final da Liga dos Campeões. E com dois golos , um deles fantástico, da avançada brasileira Nycole Raysla. A terceira para cumprimentar o Tiago Pinto e desejar-lhe toda a sorte do mundo no seu novo projeto romano! O Seixal é um laboratório de talentos e aos jogadores e treinadores junta-se a qualidade diretiva. Reconhecida interna e externamente . O que não deixa de ser tão estimulante quanto perturbante tendo em conta, também aqui, a impossibilidade de retenção! A última para dar conta de singularidades deste tempo de pandemia. Na chegada à Gâmbia, a seleção do Gabão - onde atua a estrela do Arsenal, Aubameyang - esteve retida no aeroporto de Banjul, capital da Gâmbia, seis horas. Dormiram e comeram no chão de uma sala do aeroporto e com a justificação das autoridade locais que não apresentavam testes negativos ao Covid-19 nas últimas 48 horas. O que constatamos é que o profissionalismo na prevenção ao vírus é notável ao nível de clubes e de muitas Federações - entre as quais a nossa que, ao que me dizem, até tem na Cidade do Futebol um laboratório, o que mostra, também aqui, a excelência organizativa! - e é muito frágil e deficiente em outras Federações e clubes. E pode até acontecer que no próximo período das seleções alguns clubes, concertadamente, recusem ceder os seus jogadores - alguns pagos principescamente! - às respetivas seleções nacionais. Já que nesta sede não são verdadeiras as palavras de Heródoto: «As grandes coisas são obtidas à custa de grandes perigos»