Pep mais perto de Alex

OPINIÃO27.04.202306:30

City cada vez mais candidato a ganhar o famoso ‘treble’ liga/taça/Champions 24 anos depois do rival United… que conta estragar-lhe o sonho em Wembley!

Ojogo do título inglês ontem, no Ethiad, não chegou a ter interesse tão grande, tão vincada, tão massacrante e tão impiedosa foi a superioridade do City, que goleou o líder por 4-1. A demolição começou logo ao minuto 6 com um petardo do belga Kevin de Bruyne (um dos tais que raramente se encolhe nos grandes momentos) e prosseguiu alegremente pelo jogo fora sem que o líder Arsenal, confuso, nervoso, progressivamente acabrunhado, tivesse mostrado alguma capacidade para discutir o jogo. A goleada só não foi mais expressiva porque o tanque Erling Haaland (duas assistências) desperdiçou algumas ocasiões claras. Enfim, redimiu-se no minuto final.

Quando o arsenalista Holding reduziu para 1-3 aos 86 minutos, o City recreava-se com a bola, totalmente senhor dos acontecimentos, perante o ar conformado dos adeptos do Arsenal presentes no Ethiad. O campeão tem agora menos dois pontos que o Arsenal e dois jogos em atraso por disputar (West Ham em casa, a 3 maio; Brighton fora, a 28 maio). Basta-lhe ganhar um deles para saltar para a liderança o que, neste momento, parece absolutamente inevitável. Pep Guardiola, que falou muito antes do jogo, venceu pela nona vez em dez confrontos (!) o amigo e ex-adjunto Mikel Arteta e tem um quinto título de campeão inglês (nos últimos seis anos) à mercê. O Arsenal, que vinha de três empates desconcertantes (em dois deles, desperdiçou uma vantagem de 2-0…), mostrou falta de estofo para aguentar a tremenda pressão da reta final, o que não é assim tão estranho tratando-se de um clube que não ganha a Premier há 19 anos.

Para Guardiola, o sonho do famoso treble (vitória no campeonato, taça e Champions; para ele seria o segundo depois do inesquecível hexa de 2009 com o Barcelona de Messi, Xavi e Iniesta) não só continua de pé como se tornou um pouco mais possível depois do enfático triunfo de ontem. Há dois obstáculos importantes no caminho: o  Real Madrid, na meia-final da Champions (jogos a 9 e 17 maio), e o arquirrival Manchester United, na final da Taça de Inglaterra (3 junho, Wembley), que acontecerá precisamente uma semana antes da final da Champions (10 junho, em Istambul). Sendo o Manchester United a única equipa inglesa que conseguiu o treble (1999, com Alex Ferguson), não é difícil adivinhar que os red devils, por uma questão de brio e orgulho, farão tudo e um par de botas para arruinar o objetivo dos ruidosos vizinhos blues.

Nos outros jogos de ontem, os flops do Chelsea perderam mais um jogo em casa (0-2 com o Brentford) o que, francamente, já não é noticia… e João Félix, suplente pelo terceiro jogo seguido (francamente, também não é notícia), substituiu Enzo Fernández a dez minutos do fim. Também em Londres, o Liverpool, que há um ano estava a lutar furiosamente por um supertreble, amenizou a crise e a classificação (agora é 6.º) à custa do combativo West Ham (2-1).


SC BRAGA NO JAMOR, FC PORTO A CAMINHO

OSC Braga, mesmo cedendo um empate caseiro com o Nacional (2-2), garantiu a 8.ª presença na final da Taça de Portugal, a quarta na era-Salvador e no século XXI. Nenhuma surpresa dado o resultado da 1.ª mão (5-0). Os guerreiros igualam o Belenenses em número de finais (8) e já só estão abaixo de V. Setúbal (10), Sporting (29), FC Porto (32) e Benfica (38) em presenças no Jamor. A prova do enorme salto competitivo que o clube minhoto deu na presidência de António Salvador (tomou posse em 24 fevereiro de 2003) mede-se por estes factos: 11 das 17 finais que o SC Braga tem no currículo foram conseguidas na era-Salvador (uma delas europeia), assim como 5 dos 7 troféus conquistados pelo clube.

Já o FC Porto, com a vitória de ontem em Famalicão (2-1), cortesia do artilheiro espanhol Toni Martínez, está a caminho da sua 33.ª final da Taça de Portugal e a 87.ª em todas as competições (o Benfica soma 83 e o Sporting, 59). Também aqui nenhuma surpresa. O FC Porto tem sido o grande dominador da Taça de Portugal no séc. XXI (8 triunfos em 12 finais, contra 5 em 7 do Sporting, 3 em 7 do Benfica e 2 em 3 do SC Braga).

Para Sérgio Conceição, que luta por uma terceira dobradinha em quatro anos, abre-se a perspectiva de uma quinta final de Taça (quarta com o FC Porto, mais uma com o SC Braga), igualando nesse particular Jorge Jesus, mas ainda longe do recorde de oito finais do mítico José Maria Pedroto, conseguido ao serviço de três clubes: FC Porto (5), V. Setúbal (1) e Boavista (2).