Para Sérgio o mais ‘bicudo’
NATURAL pensar-se que o Benfica, por ser o campeão, parte à frente, quanto a favoritismo, para a próxima temporada. O que não invalida esta minha ideia: a nova luta pelo título não será menos intensa do que a da época anterior; quiçá, até mais equilibrada - se a 3, não cingida a 2…
Ainda longe de ficar definido o potencial de cada plantel, aquilo que ressalta não é de somenos: perda, no Benfica, de dois preciosos goleadores, e, no FC Porto, de meia equipa! Isto enquanto se aguarda o momento de o Sporting se despedir do melhor futebolista em Portugal nas duas últimas temporadas…
SENDO difícil substituir João Félix e Jonas (!), vejo ainda mais densa complexidade em render, de uma assentada, Casillas, Felipe, Militão, Herrera e Brahimi! Isso dá grande oportunidade ao Sporting? Claro que será grosso rombo perder (muito previsivelmente) a enorme influência de Bruno Fernandes, duas épocas levando a equipa ao colo e decisivo nos melhores resultados - exemplo: eliminatória da Taça de Portugal ganha ao Benfica; foram dele, e espetaculares, os 2 golos desse êxito. Trata-se de puro líder e de excecional médio todo-o-terreno, motor de alta rotação que prima pela consistência (importantíssima!) e foi capaz de se erguer a 2.º goleador do campeonato! Ainda assim, a sua partida, creio que inevitável, não arrasará a global estrutura - sobretudo se, como me parece, estiver sendo melhorada com mão cheia de necessárias aquisições (Acuña irá manter-se?).
Idêntica ideia tenho face ao tão fulgurante adeus a João Félix. Fulcral na fantástica reviravolta na 2.ª metade da época (a sua alta qualidade e a crucial alteração tática que ela permitiu!). Porém, as consequências de perdê-lo poderão ser limitadas. Desde logo, porque a estrutura do plantel (nada indica que vá surgir outra baixa com substancial peso - sabedoria nas renovações a tempo e horas) está consolidada e é muito superior à do Sporting… que se esforça por melhorar. E, céus!, troca de João Félix por €120 milhões (!!!), mais tudo o resto (Jiménez, Talisca, Jovic, fase de grupos na Champions), dá Benfica subitamente rico (já descontadas comissões, garantido encaixe de €200 milhões (!), como tenho vindo a frisar); portanto, pano para mangas se quiser bem colmatar lacunas…
Ah!, Jonas. Extraordinário jogador e goleador! Durante anos, o craque mor em Portugal, decisivo no Benfica tetracampeão. De persistentes lesões resultou declínio físico que o leva a pôr ponto final na carreira, aos 35 anos. Deixa saudades na Luz e a todos que apreciam futebolistas que impõem diferença. Outra verdade: porque a sua invulgar classe, com altíssimo rendimento, pouco pôde aparecer na época passada, não se trata de baixa súbita/inesperada.
ÁRDUA, mesmo árdua, será a tarefa de Sérgio Conceição. Despedir-se de 5 titulares roça violência! Claro que o início deste mês foi tiro de partida para outras tantas aquisições, creio que para começar… Evidente: o FC Porto não iria cair no crasso erro benfiquista de há 2 anos: transferir 4 titulares (Ederson, Nélson Semedo, Lindelof - defesa desfeita! - e goleador Mitroglou), incrivelmente sem qualquer contrapartida! Arrogância de tetracampeão? Isso custou falhanço do penta - e foi o bicampeão Rui Vitória quem pagou o patau!…
Mesmo que as contratações portistas peguem bem, Sérgio Conceição tem pela frente nada menos do que… reconstruir uma equipa! Pedem-lhe bis do que fez há 2 anos… Só que o atual Benfica deverá manter-se muitíssimo acima daquele que, então, cometeu o tão estapafúrdio suicídio de arrasar forte base do onze campeão, ninguém de jeito adquirindo… E o novo Sporting - se, enfim!, cessarem as suas convulsões internas… - poderá crescer na consistência de estabilidade.
Zero de dúvida: Sérgio Conceição, nos planos técnico-tático, debate-se com exigência muito mais bicuda do que a de Bruno Lage (não sendo fácil manter…) e a de Marcel Keizer (melhorar, partindo de trás…).