Osaka e Zverev

OPINIÃO24.11.201800:10

Acontecera em setembro com a japonesa Naomi Osaka, quando venceu o US Open a Serena Williams (naquele jogo da discussão com o árbitro Carlos Ramos) e repetiu-se esta semana com o alemão Zverev e Federer, nas ATP Finals. Comparemos: Osaka, 21 anos, foi a primeira japonesa a vencer um grand slam, e perante referência de 37 anos, Williams, acabou assobiada pela desfeita. Zverev, 21 anos, primeiro alemão a triunfar nas ATP Finals desde 1995, bateu Djokovic na final mas antes afastara Federer, 37 anos, tendo sido apupado por protestar ponto quando um apanha-bolas deixou cair uma bola. O árbitro assentiu, mas no final Zverev entendeu pedir desculpa à plateia.  Estranho.


Noutros meios a promoção da novidade é quase sempre uma contrariedade, no desporto não tanto. Podem aprender-se, por exemplo, com clareza no  livro Porque falham as nações (2013), dos economistas Daron Acemoglu e James A. Robinson, as estratégias que as instituições criam para perdurar no poder bloqueando o que os autores chamam «destruição criativa», isto é,  o ato de parar a renovação com círculos viciosos de influências. É um comportamento típico humano, por mal que soe, e abrevia a sensação de ‘vem aí gente melhor do que eu, deixa-me lá prejudicar para manter o posto’. No desporto, queria eu dizer, estes fenómenos são menos detetáveis pois a própria idade implica substituição,  o que noutros setores não acontece forçosamente. Nas práticas desportivas, aliás, notam-se não só desrespeitos e impaciências para com os mais velhos como  ainda visões precoces de talento e futuro onde tantas vezes a única coisa que há, sim, é juventude, atributo que, convenhamos, uns têm e outros tiveram, mas não é propriamente distintivo.


Nos casos dos tenistas, parece ter sido o poder institucional de Williams e Federer, e apoiantes, a tentar sitiar Osaka e Zverev e a levar ao próprio constrangimento destes. Duas vezes estranho.