Os quatro na Liga Europa?
Vitória clara e justíssima do Benfica ontem na Luz. Há 13 anos que os encarnados não ganhavam por três golos de diferença na Champions (um 3-0 ao Celtic com Fernando Santos no banco). O Zenit foi sempre inferior aos campeões nacionais que seguem para a Liga Europa e, sobretudo, evitam um segundo fiasco europeu absoluto em três anos (há duas épocas Rui Vitória foi eliminado com zero pontos). O contingente português na Liga Europa aumenta para três clubes (Sporting e SC Braga já estavam apurados) e pode chegar a quatro se o FC Porto, como se espera, selar o apuramento amanhã em casa com o Feyenoord. Ou seja: Portugal pode fazer prova de força… no segundo patamar europeu. Nada de surpreendente tendo em conta que hoje a única equipa portuguesa de verdadeira categoria internacional é a Seleção Nacional.
Mas é bom que a passagem para a Liga Europa não impeça uma reflexão séria por parte da cúpula dirigente encarnada relativamente a mais um falhanço na fase de grupos. O clube tem um passado prestigioso nesta competição - melhor dizendo: no modelo anterior - e não pode continuar a arrastar-se pelos relvados da Champions como uma equipa de segunda categoria. Sobretudo quando é campeão de Portugal por cinco vezes nos últimos seis anos. Dez eliminações em 15 presenças na fase de grupos e saldo negativo no binómio vitórias/derrotas (37 contra 44) e nos golos (114 marcados, 147 sofridos) dizem muito sobre a incapacidade do Benfica (não é de agora…) na maior competição futebolística do Mundo. A Liga Europa parece um fato mais adequado ao plantel e estatura do futebol encarnado - podemos dizer o mesmo do atual FC Porto, embora o clube azul-e-branco tenha outro estatuto na Champions -, mas quem não tem a ambição de tentar ombrear com os melhores nunca conseguirá crescer. Como não acredito que um clube do tamanho do Benfica possa contentar-se em ser apenas grande num campeonato fraquinho como o português, resulta evidente que alguma coisa a Direção de LFV tem estado a fazer mal. Não chega apregoar a vontade de ser grande também na Europa. É preciso dar passos concretos - investir! - nesse sentido.
Relativamente aos jogos de ontem, permitam-me destacar, além das eliminações do Inter e do Ajax (esta, inesperada), o belíssimo duelo na Áustria entre o Salzburgo do calmeirão Erling Haaland e o campeão europeu Liverpool. Venceu a melhor equipa do mundo (2-0) com uma grande segunda parte e um golo magistral de Mo Salah (e fez aquilo com o pé cego…) a redimir-se de várias oportunidades desperdiçadas. Um aviso para Jorge Jesus e o seu Flamengo. Quando a pressão aumenta, o Liverpool puxa dos galões e torna-se assustador. Facto é que na era Klopp ainda ninguém conseguiu eliminar os reds na Europa.
Em relação aos jogos de hoje, avulta a final em Kharkiv (Ucrânia) entre o Shakhtar do nosso Luís Castro (2.º grupo C, 6 pontos) e a Atalanta de Gasperini (4 pts), sem esquecer que também entra na equação o Dínamo Zagreb (5 pts), anfitrião do já apurado City. Um grupo de desfecho incerto até ao minuto final. Era excelente que Luís Castro seguisse para os oitavos, para não ficarmos só reduzidos a um treinador - José Mourinho - que tem mais logo em Munique perante o Bayern uma boa hipótese de vingar o antecessor Pochettino que, há dois meses, foi selvaticamente goleado (2-7) pelos bávaros em Londres. A questão é que o Bayern entretanto perdeu o treinador Kovac e, pelos vistos, mais alguma coisa: não há memória recente de um Bayern tão modesto nesta altura do ano - 7.º lugar na Bundesliga a sete pontos do líder - e Mourinho pode aproveitar a oportunidade para fazer prova de força - não esquecer que o Tottenham é vice-campeão europeu em título. Já no grupo D, o Atlético de Simeone está obrigado a ganhar em casa ao Lokomotiv para evitar surpresas desagradáveis - o Leverkusen ganhar à apurada Juventus, por exemplo. Ao preço a que está cada golo do Atlético, tenho pena dos adeptos colchoneros: o que eles sofrem com o futebol espesso e robotizado da equipa… mas disso falamos na peça em baixo.