Os desafios de Frederico Varandas (3)

OPINIÃO03.12.201803:18

Frederico Varandas correu riscos sérios quando decidiu substituir José Peseiro, que trazia o Sporting numa senda de patinho feio eficaz, por Marcel Keizer, um holandês pouco mais do que desconhecido entre nós.

Os dois primeiros jogos de Keizer, embora de índice de dificuldade baixo, propiciaram vitórias com um acumulado de 10-2, o que alentou os adeptos e deu ânimo acrescido aos jogadores. Logo à noite, em Vila do Conde, com um teste bem mais exigente, ver-se-á até onde pode almejar a nova versão do Sporting, quase a ver o fim a este ano de 2018 de todos os sobressaltos.

E por falar em sobressaltos, ultrapassado o obstáculo do empréstimo obrigacionista - com os resultados meramente possíveis, em cenário atípico - segue-se a Assembleia Geral (AG) de dia 15, onde será votado o recurso de Bruno de Carvalho e seus pares quanto à suspensão que os impede de fruir a plenitude da condição de associados. Pela amostra da última AG, Rogério Alves não deverá esperar uma noite pacífica e urbana.

Num terreno que sempre foi favorável ao brunismo - a não ser que o clube volte a levantar-se como fez na Altice Arena - os apoiantes do antigo presidente não vão perder a oportunidade de tentar reverter a situação vigente, abrindo espaço, quem sabe, a um novo advento de Bruno de Carvalho. Quem ouviu as declarações do ex-presidente em sede de interrogatório judicial não terá muitas dúvidas quanto à realidade virtual onde este se move: a culpa de Alcochete foi dos jogadores, de Jesus, dos jornalistas, do ex-líder da claque, num enredo sem pés nem cabeça que configura desculpas de mau pagador. Mas, pela amostra da AG mais recente, os seus apoiantes, um núcleo duro que se mantém fiel ao caudilho, estarão dispostos a tudo para manter viva a chama do brunismo. E como se trata de um exercício de democracia direta com um espectro de votantes que não será exponencial, tudo dependerá da mobilização que for conseguida.

Para Frederico Varandas, que vive rodeado sobretudo de preocupações herdadas, ter de lidar com a situação de Bruno de Carvalho pode vir a revelar-se por demais incómodo. E será para momentos como este que deverá empenhar-se em não abrir mais feridas entre os sportinguistas (como no empréstimo obrigacionista). Porque o que os une será sempre mais importante do que aquilo que os separa...