Os desafios de Frederico Varandas

OPINIÃO19.11.201800:33

Até às 15 horas da próxima quinta-feira podem ser adquiridas, com um investimento mínimo de cem euros, obrigações do Sporting, que pagam uma taxa anual de juro de 5,25%. Esta operação é tida como essencial para a política de saneamento financeiro a que a direção de Frederico Varandas, que está a lidar com a pesada herança do brunismo, está obrigada. Porém, através de uma estratégia de comunicação concertada entre o presidente do clube e o vice para as finanças, Salgado Zenha, ficou a saber-se que algo não estará a correr como os leões desejariam, sendo imputadas culpas não só aos principais bancos, que estariam a esconder esta operação, como a terceiros não identificados mas que podemos imaginar quem são, que estariam a trabalhar ativamente no boicote à gestão de Varandas. Daqui a poucos dias, quando os balcões derem por concluídas as diligências, ficar-se-á a perceber com exatidão o nível de adesão. Será então o tempo certo para solicitar, não só a Frederico Varandas mas também a Salgado Zenha, explicações cabais, que permitam compreender o alcance exato das suas acusações/insinuações. Porque é de extrema gravidade acusar entidades bancárias de prejudicar o Sporting (e há sempre a possibilidade dos bancos visados virem dizer que estavam meramente a proteger os clientes...); e é perigoso, sobretudo nestes tempos de pós-Bruno, aprofundar as feridas na nação leonina.
Nas intervenções dos dirigentes do Sporting citados, houve também um apelo aos adeptos, no sentido de adquirirem, por amor ao clube, obrigações, uma espécie de operação-coração que vai contra a lógica da emissão obrigacionista em causa, que oferece uma compensação muito apelativa (5,25%), muito superior aos restantes produtos no mercado.  


O presente do Sporting é, pois, atribulado na frente financeira, agitado no âmbito social, incerto no plano judicial (especialmente a partir do envolvimento de Bruno de Carvalho, plasmado nas medidas de coação a que está sujeito), onde as causas contra os jogadores que rescindiram são tudo menos lineares, duvidoso com campo desportivo, em função do desconhecimento generalizado quanto ao novo treinador, e quiçá até explosivo, se pensarmos na AG marcada para 15 de dezembro.


Frederico Varandas  precisa de convicções fortes e coragem de leão para lidar com tudo isto.