Cartões amarelos polémicos no V. Guimarães-Benfica (0-3) de 19 de abril de 2025. FOTO GRAFISLAB
Cartões amarelos polémicos no V. Guimarães-Benfica (0-3) de 19 de abril de 2025. FOTO GRAFISLAB

Os cartões amarelos, os anjinhos e os honestos

OPINIÃO22.04.202508:30

Este texto foi escrito com recurso à inteligência artificial. Não para a escrita em si, mas para tentar perceber a dimensão de um fenómeno 'novo': o forçar de cartões amarelos. Não ajudou...

Soltou-se uma alegada polémica, desde sábado, a propósito de dois cartões amarelos vistos por jogadores do Benfica que, dessa forma, completam séries que lhes conferem castigo de um jogo, libertando-os por isso do risco de verem esse cartão amarelo fatídico antes daquele que parece vir a poder ser (sublinho o parece, porque o Totobola não anda fácil) o jogo do título, dentro de três jornadas, entre Benfica e Sporting.

Fazem-me sempre confusão as ocasiões em que coisas tomadas por adquiridas e banais se transformam, passe o exagero, em assunto de Estado. Pelo menos no futebol, que aliás já foi apelidado de estado dentro do Estado.

Gosto de factos e números, mas perante as tarefas do dia assumi como impossível verificar o historial desta prática, pelo que decidi, em conformidade com os tempos, perguntar (é isto, perguntar?) a uma ferramenta de inteligência artificial sobre «cartões amarelos forçados».

A resposta dada pela plataforma Perplexity falou-me imediatamente do Vitória-Benfica (claro, estava fresco nos motores de busca), mas quando pedi factos e números respondeu-me (acho que podemos falar de uma conversa a dois, não?) com uma lista relativamente grande de jogadores punidos por forçar cartões amarelos... no âmbito das apostas desportivas, a nível mundial.

Isto sim, é grave, e devia preocupar os agentes desportivos. Mas bem sabemos que são muitos os agentes e poucos os pontos de convergência.

Bruno Lage, homem honesto, disse o óbvio depois do jogo em causa, em que Di María (este já no banco) e Florentino viram o sagrado quinto amarelo: «A este nível tudo é estratégico.»

Todos os que nesta altura estratégica se arvorarem em arautos da virtude são exatamente o que os arautos da virtude são nos filmes da Páscoa: anjinhos. Ou querem passar por anjinhos, como se nunca lhes tivesse ocorrido forçar um cartão para garantir presença onde (em princípio) realmente importa.

Em tese, estaria tentado a dizer que jogador que nesta situação forçasse quinto amarelo deveria ser expulso, cumprindo o jogo seguinte e mantendo a série de amarelos em curso. Mas na verdade, à luz de um estado de Direito, isso é como deixar que se faça justiça popular sobre um assassino ou um violador, em vez de lhe dar um julgamento assente em provas. E quem prova que os amarelos são forçados? Só os honestos como Lage, que ainda vai acabar multado...