Obrigações II

OPINIÃO01.12.201800:30

Confesso que não cheguei a ser sportingado, que foi a palavra inventada para, segundo o seu criador, qualificar quem não era um autêntico sportinguista. Confesso que já fui croquete, nome criado para identificar os membros do ex - Conselho Leonino! Também já fui integrado nos chamados notáveis, por uns que me querem elogiar, mas também por outros que o fazem com carácter depreciativo.
Objectivamente, porém, sou apenas um sócio do Sporting, com mais de cinquenta e cinco anos de filiação ( Cinquentenário, portanto), que ainda antes de 1980 foi chamado pelo meu saudoso consócio e colega Jorge Fagundes para fazer parte de um Gabinete Jurídico de que, além deste, faziam parte, entre outros, os Drs. Jorge Sampaio, Miguel Galvão Telles, Guilherme da Palma Carlos e Carlos Sequeira. Todos colaborámos graciosamente e, muitas vezes, suportámos mesmo as despesas. Gratificante colaboração.
Em 1980, João Rocha convidou-me para fazer parte da sua Direcção, nomeando-me Vice-Presidente para o Secretariado Geral. Foi no mandato, então de dois anos, de 1980/1982. Para o mandato de 1984/1986 já fui eleito, como Vice-Presidente de João Rocha, tendo exercido funções na área das relações exteriores. Para o mandato de 1986/1988 fui de novo eleito Vice-Presidente da Direcção do Sporting Clube de Portugal, agora sob a presidência do Dr. Amado de Freitas, tendo ficado de novo com o pelouro das relações exteriores, mas assumindo na parte final do mandato a chefia do Departamento de Futebol.
De 1980 a 1988 fui membro do Conselho Leonino, por inerência. Em 1996 participei activamente na reforma dos estatutos do Sporting Clube de Portugal, tendo, após a sua aprovação, sido eleito membro do Conselho Leonino, onde permaneci até Outubro de 2005. Fui membro, por inerência, nos mandatos de 2009 a 2011 (tendo presidido) e 2011/2013. Fui eleito novamente membro do Conselho Leonino em 2017, tendo apresentado a demissão em meados de 2018.
Fui membro do Conselho de Administração da Sociedade Gestora de Participações Sociais (SGPS) do SCP e assessor da sociedade anónima desportiva Sporting Clube de Portugal, Futebol SAD, e, designadamente, do Dr. José Roquette.
No final do ano de 1989 fui admitido como membro do Grupo Stromp, tendo sido, no biénio de 1991-1992, designado pelos fundadores, então ainda vivos, como Presidente da Comissão Directiva do Grupo. Sou associado e fundador dos Leões de Portugal, Associação de Solidariedade Sportinguista IPSS, tendo sido membro do seu Conselho Social.
Fui Presidente da Mesa da Assembleia Geral de Junho de 2009 a Março de 2011.
Fui alvo de homenagem por parte de diversos núcleos do Sporting Clube de Portugal, designadamente: Núcleo Sportinguista da Área de Boston, com sede em Summerville, Massachusetts, «pelos inúmeros serviços prestados e pelo grande apoio dado ao Sporting Clube de Portugal e pela sua honrosa presença no 5.º Aniversário do Núcleo Sportinguista da Nova Inglaterra»; Núcleo Sportinguista de Sanfins do Douro, por ocasião do 1.º aniversário; Núcleo Sportinguista de Frauenfeld, por ocasião do 2.º aniversário deste; Núcleo Sportinguista de Torres Vedras, com a atribuição do Prémio Agostinho; Núcleo Sportinguista de Soure, por ocasião do 6.º Aniversário deste; sportinguistas da região de Leiria, com a atribuição do prémio Rugidos do Leão; Núcleo Sportinguista de Tires, com a atribuição do Prémio Jesus Correia - Dedicação; Núcleo Sportinguista da Pedrulha, «pelo empenho e dedicação à causa leonina»; Núcleo Sportinguista do Vale de S. Joaquim, na Califórnia; Núcleo do Sporting Clube de Portugal de Estarreja; Núcleo do Sporting Clube de Portugal de Oliveira de Azeméis e muitos outros que visitei a convite, fora do âmbito de qualquer campanha eleitoral.
Confesso que com estes factos me achava um autêntico, um genuíno, um verdadeiro sportinguista, sendo certo que não fiz mais nada que a minha obrigação. Mas em Novembro de 2018 concluíram que não era nada disso e que uma simples omissão de carácter material me retirava o direito a essa adjectivação.
Garanto porém a todos os sportinguistas, verdadeiros ou falsos, aos que me elegeram ou nomearam para os cargos que desempenhei, aos que me homenagearam e a todos os que diariamente me saúdam salientando a minha vertente sportinguista, que não os enganei intencionalmente durante todos estes anos. Eles é que se enganaram!
Não sou sportingado, já não sou croquete e não me acho, sinceramente, notável! E, neste rol de confissões, incluo agora a confissão pública de que não adquiri obrigações! E porquê? Porque não sou um verdadeiro sportinguista. Sinto-me, pois, obrigado a pedir desculpa a todos os sportinguistas, ainda que, durante todos estes anos só me tenha enganado a mim próprio!...

75 anos

Foi o pretexto para um jantar de homenagem a um grande jornalista e a um bom amigo que conheci no futebol daquele tempo que acabou, e em que havia uma saudável convivência entre dirigentes e jornalistas, sempre dentro do respeito do papel de cada um. Lá estavam, como não podiam deixar de estar, além da família e dos amigos de outras paragens, homens do futebol como o Fernando Santos, o João Alves, o Mário Campos, o Vitor Pontes. Uma bonita festa e um agradável convívio.
Segunda-feira passada foi o dia do evento. Hoje quero deixar aqui o meu público agradecimento por ter sido incluído entre os amigos do jornalista Costa Santos, que muito estimo e admiro, e a quem desejo muitos anos de vida. Não há muita gente deste material!

Sobreviver

É o título do livro de Eduardo Barroso, apresentado na quarta-feira na Fundação Champalimaud, e que marca, por assim dizer, o termo do mandato, como ele próprio disse, no Serviço Nacional de Saúde, e o início de uma entrega a tempo completo naquela Fundação. Estavam lá todos os seus amigos e admiradores, e até senti no ar a presença de seu Tio Mário Soares, como não podia deixar de ser.
Não conheci o Eduardo na medicina, uma das suas grandes paixões, mas sim, na outra, não maior, mas diferente: a paixão pelo Sporting. Como diz Marçal Grilo: «Tem um problema com o seu Sporting. Ama demais o clube...». Esta é a paixão comum que me ligou com estima e amizade ao Eduardo.
Eduardo Barroso é, como refere o seu colega Dr. Manuel Pedro Magalhães, «uma mistura forte de Inteligência e Trabalho, temperada à vez por Emoção e Afecto, que a poucos deixa indiferente». Estupendo resumo!
Como sou doente pelo Sporting, mas não sou seu doente, direi que não gosto muito do título sobreviver. Com Eduardo Barroso quero é viver e conviver, juntamente com os amigos, nos quais me incluo, durante muitos e bons anos.
Com emoção e afecto, saudações leoninas!...