Objetivo: imortalidade

OPINIÃO17.06.202004:00

ROMA é a cidade certa para quem aspira à imortalidade. Hoje, na final da Taça de Itália contra o Nápoles, Cristiano Ronaldo tem, aos 35 anos, a hipótese de escrever mais um capítulo glorioso da sua história… única, inimitável, inalcançável até por Messi. Ganhando a final, Cristiano torna-se o primeiro futebolista de sempre a conseguir o pleno de títulos nas três ligas mais importantes do Mundo - Inglaterra, Espanha, Itália. A Coppa é o único troféu que lhe falta para completar a caderneta de troféus e igualar o feito do compatriota José Mourinho, o único treinador que ganhou tudo (Campeonato, Taça, Taça da Liga e Supertaça) nos três países citados. Portanto, logo à noite podemos ter dois portugueses senhores de um superpleno que mais ninguém conseguiu em mais de um século de futebol. Eu diria que é o cenário mais provável, tendo em conta a posição dominante da Juventus no futebol italiano, aliada à insaciável ambição de Ronaldo, que sabe perfeitamente que pode estabelecer mais um recorde destinado a correr mundo. Vencedor de 11 das últimas 12 finais que disputou, com oito golos marcados (a Lazio estragou-lhe a sequência com a vitória na supertaça a 22 dezembro passado, em Riade, Arábia Saudita…), Cristiano não tem boas recordações do último embate com o Nápoles (derrota por 1-2 no San Paolo, a 26 janeiro, com golo do português no derradeiro minuto), mas uma final é uma final, mesmo com o estádio vazio. E CR7 costuma aparecer nestas ocasiões. Este será o jogo oficial n.º 1002 e a 31.ª final de Cristiano (ganhou 22) em 18 anos de carreira. Veremos se o golo 726 aparece em Roma. Maurizio Sarri acredita que sim, tal como o capitão Giorgo Chiellini que, com admiração incontida no olhar, derramou elogios sobre o colega português, dele dizendo «tira o melhor de todos os colegas, contagia todos, está noutro patamar …»

Absolutamente hegemónica no ressurgido calcio - corre para um nono scudetto consecutivo e para uma quinta dobradinha em seis anos (!), no campeonato só a Lazio de Simone Inzaghi (a um ponto) pode estragar-lhe os planos - a Juventus sobe naturalmente favorita ao relvado do Olímpico romano para enfrentar o Nápoles de Gennaro Gattuso, Dries Mertens, Lorenzo Insigne, Piotr Zielinski e Jose Maria Callejón. Ser favorito não significa mais do que isso: uma presunção. Na última vez que Juve e Nápoles mediram forças na final houve grossa surpresa em Roma: a 20 maio de 2012, golos de Edinson Cavani e Marek Hamsik deram aos napolitanos, liderados por Walter Mazzari, uma vitória (2-0) indiscutível sobre a poderosa Juve de Antonio Conte, Andrea Pirlo, Arturo Vidal e Alessandro Del Piero. Dois anos depois o Nápoles (com Rafa Benitez) voltou a vencer a Coppa (3-1 à Fiorentina), mas a Juventus respondeu com um fabuloso póquer  de triunfos em 2015 (2-1 à Lazio), 2016 (1-0 ao Milan), 2017 (2-0 à Lazio) e 2018 (4-0 ao Milan).

Não esquecer um último detalhe na noite do possível pleno. Ronaldo também ganhou a Champions com o Manchester United (em 2008) e com o Real Madrid (quatro vezes). A perder com o Lyon (0-1) ao intervalo dos oitavos de final, CR7 continua na luta pelo tri que só um jogador - o médio holandês Clarence Seedorf, com Ajax, Real Madrid e Milan - conseguiu até hoje: sagrar-se campeão europeu por três clubes. E Lisboa seria um palco tão bonito…

José e Bruno com Pobga-Balotelli 

REGRESSA o melhor campeonato do Mundo - a Premier League - com as nove jornadas finais compactadas numa sequência à inglesa (jogos de três em três dias) até 26 julho. O nome do campeão já é conhecido - Liverpool - só faltando saber a data da confirmação oficial. O regresso dos reds acontece domingo no terreno do rival Everton. Trata-se de um dérbi faiscante (o n.º 236) que os azuis de Goodison não ganham há mais de nove anos (21 jogos) e que Carlo Ancelotti muito gostaria de acrescentar ao currículo depois da humilhação de ter sido eliminado da Taça de Inglaterra pelos miúdos do Liverpool (0-1) em Anfield. Não escondo que gostaria de ver Jurgen Klopp ganhar a Premier o mais depressa possível: ele montou a máquina futebolística mais espetacular da atualidade a ponto de a presente campanha do líder (27 vitórias, contra um empate e uma derrota) ser a melhor de sempre numa liga big five. Tudo dito.

Na sexta, o Manchester United (5.º com 45 pontos) do talented mr. Fernandes, possivelmente acompanhado por Paul Pogba mais o cérebro de Balotelli (na cabeça de Pogba), visita o Tottenham de José Mourinho (8.º, 41 pontos) num jogo que os spurs têm imperiosamente de ganhar para não descolarem definitivamente da luta por um lugar na Champions; o Tottenham só pode chegar lá se ficar nos quatro primeiros lugares (está a sete pontos do Chelsea), enquanto o United ainda tem a via Liga Europa (está nos quartos) para lá chegar. Mourinho atravessa a pior fase da carreira - não vence há seis jogos … - mas tem Harry Kane e Son de volta. O United não perde com Bruno no onze (seis vitórias e três empates), mas vamos ver que efeito tem o regresso de Pogba, que era o líder da equipa até Bruno chegar…