O vírus que traz a oportunidade
Não gosto de ser ou soar alarmista, mas temo que o Covid-19 não vá deixar nada igual na paisagem portuguesa e na do resto do mundo, não só no que diz respeito ao futebol e ao desporto. Haverá claramente um antes e um depois do coronavírus, e é impossível prever o que vem aí. Estamos perante um dos maiores desafios da história da humanidade, por mais lamechas que ainda tais declarações possam parecer, e espero que todos já tenhamos passado o ponto em que olhámos para as notícias com desconfiança e descrença. É mau, está aí e é preciso dar luta! Essa é a batalha que nos deve, para já, mobilizar: a da sobrevivência.
É uma batalha muito mais simples do que as que virão depois, mas é a mais importante de todas. Depois, quando, em Portugal, tudo isto acabar, regressará muito provavelmente a mesquinhice, voltarão as acusações e os insultos e não teremos tirado nada de positivo. Não haverá consensos, a época inteira será muito provavelmente varrida da face da história e os pobres ficarão ainda mais pobres, sem que, desta vez, os ricos se tornem mais ricos. Não sou ingénuo ao ponto de pensar que só por nos sentirmos tão pequenos e frágeis neste momento seremos capazes de cair em nós mesmos e mudar. Outros países, e sei que a Alemanha será um deles pelos exemplos do passado, voltarão mais fortes. Nós, muito provavelmente, regressaremos no ponto em que estávamos antes. Infelizmente!
Talvez seja pedir de mais, mas que aproveitemos a quarentena para pensar no dia seguinte, na altura em que precisaremos de ser fortes para recuperar economicamente, socialmente e até desportivamente. Que o tempo passado em casa seja canalizado para uma resposta construtiva às consequências do que estamos a começar a passar. Agora, sim, fiquemos em casa! E pensemos.