O treinador que fica na história
Peguemos nos exemplos de Amorim, Conceição, e Abel, que com pouco fizeram muito
A influência de um treinador numa equipa não pode ser medida (só) em títulos. E também está longe de ser coisa dos novos tempos. Verdadeiros génios do jogo como Viktor Maslov, Béla Guttmann, Helenio Herrera, Rinus Michels, Johann Cruijff, Brian Clough, Arrigo Sacchi, Valeryi Lobanovskyi, José Mourinho, Pep Guardiola e Jurgen Klopp, entre tantos outros, mostraram-nos que os limites para a invenção ou reinvenção dentro das quatro linhas não existem e que o ciclo será sempre contínuo.
Assistimos à sua glória e consagração, e vimos também passar o seu tempo, às vezes até com sentido de justiça poética. Helenio Herrera viu morrer nas suas mãos o vil catenaccio que imortalizou e que passou a simbolizar tudo o que é mau no jogo, com acusações de doping e de resultados combinados à mistura, perante um Celtic all-out attack de Jock Stein e que tirou Bill Shankly do sério por terem colocado finalmente o franco-argentino no devido lugar. Todos são criadores e plagiadores em simultâneo, e ninguém é vitorioso para sempre, porque o jogo sempre evolui.
O treinador é cada vez mais o 12.º jogador (o público passou para 13.º e hoje nem isso é, infelizmente), por vezes até a maior estrela e elemento mais decisivo, quando equipas desmontadas, quebradas ou desossadas são reconstruídas para o sucesso. São esses os exemplos em que devemos pegar para definir um verdadeiro técnico (que, mais uma vez, nem sempre é aquele que mais ganha). Peguemos nos exemplos de Rúben Amorim, Sérgio Conceição e até de Abel Ferreira - face à dimensão que é vencer uma Libertadores para quem tinha apenas uma conquista continental e partia com uma equipa cheia de juventude -, que com pouco fizeram muito. Ou que, mesmo com muito, continuem a tentar acrescentar valor ao jogo. Esses são os que realmente ficam na história.