O teste do algodão
O campeão Sporting tem de saltar etapas previstas para um crescimento sustentado
ALiga dos Campeões, embora ainda numa fase em que os reais candidatos não levam tão a sério a competição, pela margem de erro que têm na maior parte dos grupos (à exceção, obviamente, daquele em que o FC Porto compete), é para muitos o teste do algodão à grandeza. Pelo dinheiro e prestígio envolvidos - e que terão influência em muito, seja no poder de argumentação financeira ou na capacidade de sedução de novos recrutas - é onde os melhores querem e devem estar. Só que o tema é mais profundo. O futebol é demasiado dinâmico para ser explicado de forma simplista: há questões estratégicas, de perfil e inerentes ao próprio modelo, além do momento (de forma e da própria temporada), que podem tornar um emblema mais competitivo numa prova e menos noutra. Por exemplo, o Real Madrid acrescentou orelhudas à sala de troféus com uma aposta forte na transição ofensiva, enquanto em Espanha não conseguia ultrapassar o ataque posicional do Barcelona.
Talvez tenhamos, pela primeira vez em anos, os três grandes alinhados (e mais bem preparados) numa base defensiva sólida e uma vertigem que, em teoria, poderá ferir rivais mais fortes, mas não sem obstáculos. O campeão Sporting tem de saltar etapas previstas para um crescimento sustentado e aprender rápido depois da lição do Ajax, num ambiente de pele de galinha e perante uma máquina de ataque que ainda não se encontrou defensivamente. Já o FC Porto recebe um Liverpool também ainda sem a eficácia sem bola que o levou aos sucessos recentes, mas com um tridente ofensivo espantoso e alimentado por laterais de excelência. Por fim, o Benfica. É um Barcelona em crise , a querer fazer rapidamente de Ansu Fati um novo Messi(as) e cheio de dúvidas aquele que terá pela frente. Pois bem, o teste chegou, e o algodão tem mesmo de sair imaculado.