O regresso das competições europeias
No presente contexto, as receitas da UEFA assumem um papel mais do que nunca decisivo para o futuro dos clubes portugueses...
REGRESSAM esta semana as competições europeias, inicia-se a fase a eliminar e há que reconhecer, valha o que valer, que nenhuma das três equipas portuguesas ainda em prova parte para a esta eliminatória com estatuto de favorita. Dentro do campo, onde se passa da teoria à prática, as contas serão feitas de forma mais assertiva mas, apesar do efeito porta-fechada, que aproxima os contendores, a que acresce ainda a deslocalização dos confrontos entre Benfica e Arsenal, se FC Porto (Juventus), SC Braga (Roma) ou Benfica (Arsenal) seguirem em frente, falar-se-á, por essa Europa fora, em surpresa. E a quem tiver algumas dúvidas sobre esta realidade, sugiro a consulta das casas de apostas e respetivas odds.
Com as hipóteses de chegarem ao título nacional reduzidas - a vantagem do Sporting é substancial - não será estranho que FC Porto, Benfica e SC Braga, por mais que mantenham o discurso ambicioso de serem campeões, na ordem do dia, comecem a fazer contas muito sérias à batalha pelo segundo lugar na I Liga, que na temporada em curso vale mais do que o habitual troféu virtual de primeiro dos últimos. Ser segundo representa não só o acesso direto à fase de grupos da Champions, como ainda um encaixe garantido de mais de 40 milhões de euros, verba que pode fazer a diferença no futuro próximo de qualquer destes emblemas.
Aliás, o nervosismo exacerbado que tem estado latente e patente no futebol português, explica-se pela necessidade que os clubes - sem bilhética, merchandising e com a quotas muitas vezes suspensas, ultrapassada que está a possibilidade de acederem ao crédito bancário e com a torneira da antecipação das receitas televisivas fechada - têm de realizar capital que lhes permita fugir ao recurso a medidas draconianas, nomeadamente cortes salariais.
O desporto português, de forma geral, vai demorar muitos anos a ultrapassar os danos provocados pela ausência de atividade em quase todos os escalões, nesta época de 2020/2021. E é bom que haja consciência de que mesmo aqueles que têm estado a competir têm à espera uma fatura pesada, que eleva à enésima potência a importância das receitas da UEFA.
PS: - André Silva voltou a marcar pelo Eintracht Frankfurt. Já não é goleador-promessa, tornou-se goleador-realidade.
Jorge Costa
O Farense teve, na Choupana, a sorte que lhe virava as costas há vários jogos. A vocação atacante da equipa não estava a receber o prémio devido, e este triunfo vem colocar alguma justiça na tabela classificativa, devolvendo aos algarvios legítimas aspirações de se manterem entre os grandes em 2021/2022.
Francisco Trincão
APESAR de ter crescido num clube importante como SC Braga, apesar de ter feito o tirocínio nas seleções de Portugal, ninguém esperaria, por certo, que Trincão não sentisse o peso da camisola do Barcelona. Os três golos que apontou nos dois últimos jogos de La Liga mostram que segue em boa rota.
Miguel Cardoso
Avitória do Rio Ave - que nos tem habituado a andar em posições europeias - em Guimarães, teve o condão de acalmar os nervos em Vila do Conde, ao mesmo tempo que pode calibrar por cima as ambições da equipa nesta segunda volta. Regresso auspicioso de Miguel Cardoso à casa onde foi feliz.