O que fica do belo dérbi
O melhor jogador da Liga 2020/2021 não evitou a pior exibição da temporada
A melhor primeira parte do Benfica encaixou nos 45 minutos menos compactos do Sporting, favorecendo o jogo interior encarnado - tantas vezes bloqueado durante a época -, com a bola a entrar inúmeras vezes entre linhas e a colocar Coates e companhia em xeque.
Foi no corredor interior que a equipa de Jesus inclinou o dérbi a seu favor. Everton assinou a melhor exibição da época: não consentiu um desarme, foi o desequilibrador que a equipa precisa, definiu quase sempre bem e nunca desligou ofensivamente de Grimaldo, pecado de passado recente. Pizzi e Seferovic, outros bons candidatos a MVP, e um Taarabt intermitente, criaram tantos problemas ao campeão que uma goleada chegou a insinuar-se.
Na segunda parte, Amorim resolveu estancar o miolo e fez entrar Palhinha e João Mário, com Matheus Nunes a dar maior rotação pela direita. Os leões reequilibraram e dominaram, com Jesus a ver a caravana passar.
É verdade que para o Sporting parte do mal estava feito. O melhor jogador da Liga 2020/2021 não evitou a pior exibição da temporada. Coates perdeu inúmeras vezes pelo ar com Seferovic e fica ligado aos três primeiros golos: coloca em jogo o suíço no 1-0; dá liberdade a Everton para a assistência de calcanhar, com Gonçalo Inácio a permitir a diagonal de Pizzi no segundo; e é na sua zona que Lucas Veríssimo cabeceia para o terceiro.
Num dérbi em que os avançados não foram tão solidários quanto deveriam com as suas defesas, o Benfica consentiu um golo fácil a Pedro Gonçalves e depois permitiu que o leão pressionasse e dominasse, ao ponto de ameaçar o empate. Não ajudou a troca de Taarabt por Gabriel, ou que as restantes substituições só surgissem depois do 4-3. Jesus não apareceu quando a equipa mais precisava, tal como aconteceu com o FC Porto. A margem salvou-o.