O quadriénio do adepto e o jogo que não parou

O quadriénio do adepto e o jogo que não parou

OPINIÃO12.06.202306:30

O Futebol Profissional português entrou num novo ciclo, com a tomada de posse dos novos órgãos sociais da Liga Portugal, com o presidente Pedro Proença, o primeiro na história de umas eleições para a Liga Portugal, a conseguir subscrições e declarações de apoio das 34 sociedades desportivas.

Pedro Proença parte para um inédito terceiro mandato consecutivo na liderança do organismo e já anunciou que será o último. Um dos motes deste novo quadriénio, plasmado no plano de candidatura e no plano estratégico que contou com a contribuição dos clubes e doutros agentes desportivos, é o de colocar o adepto no centro de todas as decisões.

O local escolhido para a tomada de posse foi a Arena Liga Portugal, novas instalações, ainda em construção, da Liga Portugal. A nova casa do futebol profissional será um projeto virado para os adeptos, com um conceito inovador de loja, uma praça e locais de food and beverage dedicados aos fãs, e um edifício formatado para a profissionalização dos agentes desportivos, com oferta formativa para quem pretende fazer do futebol uma possível carreira. Pelos adeptos e para os adeptos.

Nunca se conseguirá alcançar um produto diferenciador, capaz de concorrer com outras ofertas culturais e de entretenimento, sem ouvir quem o consome, os adeptos/clientes, e dois passos relevantes já foram dados. O fim, já regulamentado, de jogos às 21.15 horas em dias úteis representa uma primeira etapa. Os horários dos encontros assumem grande importância, nunca o escondemos, e estes têm de ser compatíveis com a vida familiar, mas também com os interesses de parceiros e operadores.

É também importante revisitar e atualizar aspetos relacionados com a bilhética, recordando a reivindicação já antiga de Liga e clubes para a redução do IVA dos ingressos, equiparando-a àquilo que acontece em outras atividades de entretenimento.

Duas medidas importantes, a que se juntarão outras, que assumem grande importância numa estratégia macro que promova o regresso das famílias aos estádios e que desenvolva estratégias que vão ao encontro dos desejos dos adeptos. Outras medidas estão em implementação, a seu tempo concretizadas, mas estamos no bom caminho.

Um dos principais objetivos de 2022/23, a época que agora termina, era o de aumentar o tempo útil de jogo. Daí nasceu a campanha #NãoPára. Desde logo, era necessário admitir que tínhamos um problema de um jogo pouco fluido e com algumas paragens, fruto de comportamentos enraizados, não exclusivos do futebol profissional. Sejamos claros. Numa era de acesso rápido a vários tipos de conteúdos, um jogo com constantes quebras não se compadece com os hábitos de consumo de um público mais jovem.

A Liga, juntamente com os clubes e outros agentes desportivos, foi proativa e passou a informar, semanalmente, quais os jogos com maior tempo útil de jogo e elaborou um ranking, como forma de, paulatinamente, introduzir este tema na discussão.

Uma época depois, a campanha #NãoPára cumpriu o objetivo. Terminámos a Liga Portugal bwin com uma média de 56,82 por cento de tempo útil médio por jogo, o índice mais alto das últimas onze temporadas. Em relação a 2021/22, obtivemos uma subida de 4,6 por cento.

Números idênticos na Liga Portugal SABSEG. Acabámos 2022/23 com 56,52 por cento de tempo útil médio por jogo, uma subida de 4,78 por cento em relação à temporada transata.

Tão ou mais importante do que a análise quantitativa de dados é proceder a uma análise qualitativa. Vermos jogadores, treinadores e outros agentes a debaterem esta questão mostra que esta matéria veio para ficar e que o futebol profissional assumiu, de forma natural, a liderança de uma discussão muito mais ampla e iniciou uma mudança de mentalidade em curso, que abre alguma curiosidade quando analisarmos estes dados daqui a cinco temporadas. Estou seguro de que a evolução continuará a ser positiva.