O ‘puzzle’ de 23 peças

OPINIÃO18.11.201900:38

FERNANDO SANTOS utilizou 26 jogadores na fase de qualificação para o Euro-2020. Um guarda-redes (Rui Patrício), três laterais-direitos (João Cancelo, Nélson Semedo e Ricardo Pereira), três defesas-centrais (Rúben Dias, José Fonte e Pepe), dois laterais-esquerdos (Raphael Guerreiro e Mário Rui), dois médios mais centrais (Danilo Pereira e Rúben Neves), cinco médios de transição (William Carvalho, João Moutinho, Bruno Fernandes, Pizzi e João Mário), um jogador cerebral (Bernardo Silva), três extremos (Rafa Silva, Diogo Jota e Bruma) e seis avançados (Cristiano Ronaldo, Gonçalo Guedes, João Félix, André Silva, Dyego Sousa e Gonçalo Paciência). O selecionador nacional chamou ainda mais dois guarda-redes (Beto e José Sá), quatro defesas-centrais (Rúben Semedo, Domingos Duarte, Ferro e Carriço), dois médios (Renato Sanches e André Gomes), um extremo (Podence) e um avançado (Éder). Nenhum destes dez jogadores chegou a jogar na qualificação. Fernando Santos trabalhou, pois, com 36 jogadores nestes 20 meses.

MUITO dificilmente alguém de fora deste lote de 36 estará na fase final do próximo Europeu. Claro que faltam ainda muitos meses para a prova começar (12 de junho a 12 de julho).  Haverá lesões e abaixamentos de forma. Mas é interessante perceber as atuais tendências. Os guarda-redes parecem certos: Rui Patrício, Beto e José Sá. Um dos laterais-direitos (João Cancelo, Nélson Semedo e Ricardo Pereira) deverá ficar em Portugal. Será preciso acrescentar um defesa-central (Rúben Dias, José Fonte e Pepe + Rúben Semedo, Domingos Duarte, Ferro ou Carriço). Não haverá grandes dúvidas nos dois laterais-esquerdos (Raphael Guerreiro e Mário Rui). Depois, sim, começam os problemas. Com 11 já escolhidos, ficam a faltar 12. Seis médios e seis avançados? Cinco médios e sete avançados? Sete médios e cinco avançados? No Euro-2016, Fernando Santos levou sete médios (André Gomes, Adrien, Danilo, João Mário, João Moutinho, William Carvalho e Renato Sanches) e cinco avançados (Ronaldo, Éder, Nani, Quaresma e Rafa). Porém, para o Mundial-2018 levou seis médios (Adrien, Bruno Fernandes, João Mário, João Moutinho, Manuel Fernandes e William Carvalho) e seis avançados (André Silva, Bernardo Silva, Ronaldo, Gelson Martins, Gonçalo Guedes e Quaresma). Ou seja, nunca cinco médios e sete avançados: 6/6 ou 7/5. O mais provável é ser 6/6. Como em 2018.

TENTEMOS, então, perceber quais os seis médios e os seis avançados que, a sete meses de distância, parecem mais perto de estar entre os 23. Médios: Bruno Fernandes, João Moutinho, Danilo Pereira, Rúben Neves e William Carvalho (mais Pizzi ou João Mário). Avançados: Bernardo Silva, Ronaldo, Gonçalo Guedes, João Félix e André Silva ou Gonçalo Paciência (Fernando Santos levou sempre apenas um avançado mais central). Ficará a faltar um avançado. Provavelmente extremo: Rafa, Bruma ou Jota? Rafa. Não é fácil a construção deste puzzle de 23 peças. Haverá talvez 16/17 jogadores mais ou menos certos. O resto depende de muita coisa. De lesões. Do momento de forma em maio de 2020. E sobretudo das ideias de Fernando Santos, o homem do puzzle de 23 peças.