O ‘processo Conceição’
Já foi por amor, hoje é um ótimo casamento de conveniência
QUANDO Conceição chega, a conjuntura junta quatro campeonatos perdidos à alçada do fair-play financeiro. É com este cenário de nível de exigência baixo por parte de adeptos e dirigentes que o técnico toca a reunir, fazendo matriz do que foi o seu ADN enquanto jogador - transversal a muitas das grandes figuras do clube - para a criação de uma equipa hipercompetitiva.
O processo, esse, evolui. Começa simplista, um futebol direto e com ênfase nas segundas bolas, e vai ganhando qualidade na posse. O 4x4x2 torna-se híbrido, capaz de desdobrar-se num 5x4x1 com simples rotação no sentido dos ponteiros do relógio: de lateral para central, de extremo para lateral e de avançado para extremo. É esse o modelo que aguenta a Juventus e garante os quartos da Champions, cartão de visita da temporada.
Se as expectativas tornaram mais fácil a implementação do processo, Conceição ainda não é consensual. Basta sentir o pulso das redes sociais e não faltam adeptos que gostassem de ver um outro modelo, mais assente num ataque posicional. E até mais jovens a vingar. O desgaste, com expulsões, castigos e resultados mais pobres, é grande. A decisão fica adiada. Sérgio prefere esperar antes de assinar, uma vez que o mau ano acentua a ideia de fim de ciclo, mas o tal cartão de visita não chega para seduzir a sua Itália, num ano em que, além do Nápoles, também Juventus, Inter, Lazio e Roma mudam de homem do leme. Daí até à renovação, é como escolher o regresso a porto seguro, ainda mais existindo fortes ligações emocionais.
Pinto da Costa já sinalizou que ainda não será desta que o FC Porto atacará o mercado em força e, como tal, mais sentido faz a continuidade de quem com pouco consegue muito, até na Europa. Já foi por amor, hoje é um ótimo casamento de conveniência.