O nulo de Braga que agradou a Lisboa

O nulo de Braga que agradou a Lisboa

OPINIÃO20.03.202305:30

Se o Benfica, montado em dez pontos de avanço, entender que é tempo de encomendar as faixas, estará a cometer um erro histórico...

BENFICA e Sporting têm razões para estarem satisfeitos com o empate entre SC Braga e FC Porto, os primeiros porque, quando estão ainda 27 pontos por disputar, lideram agora a Liga com uma dezena de pontos de avanço sobre os dragões, e os segundos porque têm oportunidade de se aproximarem dos arsenalistas, numa luta que se antevê titânica por um lugar na Champions, nem que seja através do caminho das pedras da terceira pré-eliminatória e do play-off.

Poder-se-á pensar que o Benfica, que em 25 jornadas apenas perdeu sete pontos, não irá desperdiçar a vantagem gorda que possui nos derradeiros nove jogos, e pode, desde já, encomendar as faixas de campeão. Se o fizerem, os encarnados estarão a cometer o erro de uma vida: a partir de agora, cada jogo, independentemente do nome do adversário, vai ser mais difícil do que o anterior, por obra e graça de uma coisa que não se vê, mas existe, chamada pressão. Caso o Benfica baixe a guarda, seja para preparar melhor os quartos de final da Champions, frente ao Inter, seja por achar que o essencial já está feito, sujeita-se a um trambolhão histórico, já que, do cardápio encarnado até ao fim da época, constam, entre outros, jogos na Luz com FC Porto e SC Braga, a que acresce uma visita a Alvalade.

Dito isto, há que dizer também que, depois de alguns tremeliques na rentrée pós-Mundial, a equipa de Roger Schmidt respira confiança, e terá encontrado não só um núcleo duro fiável, como uma maior profundidade no plantel, fatores importantes para o que aí vem, dentro e fora de portas.

Quanto ao Sporting, que na presente temporada tem sido, amiúde, forte com os fortes e fraco com os fracos, precisa de manter consistência para tentar a aproximação a um magnífico SC Braga. O que está aqui em causa é mais do que ser terceiro ou quarto: estamos  a falar da hipótese de somar os milhões da Champions, que esta época fizeram inchar os cofres de Alvalade, e que são, igualmente, alvo dos bracarenses. Numa altura em que Portugal, devido à inexistência de uma classe média no nosso futebol, que nos penaliza na Liga Conferência, está à beira de perder, em 2024/2025, um lugar na nova Champions, garantir os milhões da próxima Liga milionária pode ser decisivo para o desenho das temporadas vindouras. E Sporting e SC Braga sabem-no bem...


ÁS — FREDERICO VARANDAS

Depois da histórica eliminação do Arsenal, o presidente do Sporting limitou-se a agradecer «aos adeptos que estão sempre com a equipa», deixando o palco para treinador e jogadores. Ao resistir à tentação de se colocar em bicos de pés, à procura de umas migalhas de glória, Frederico Varandas deu um bom exemplo.


ÁS — ROGER SCHMIDT

Anove jornadas do fim, lidera a Liga portuguesa com dez pontos de avanço sobre o FC Porto, sem nunca dar sinais de soberba, sempre mais preocupado com aquilo que se passa entre as quatro paredes do balneário, do que com o ruído exterior. O Benfica ainda não ganhou nada, mas vê-se que tem liderança segura.


DUQUE — SÉRGIO CONCEIÇÃO

Da mesma forma que Roger Schmidt ainda não venceu a Liga, Conceição também não a perdeu. Mas os dois empates a zero que os portistas averbaram frente a Inter e SC Braga liquidaram o sonho europeu e tornaram mais complicada a revalidação do título nacional. Um fim de época de nervos em franja no reino do dragão...