O novo patamar de Cristiano Ronaldo
Esteve durante 15 anos seguidos (Man. United e Real Madrid) no topo do futebol mundial e não é nesta Juventus que volta lá. Será no City?...
CRISTIANO continua na Juventus, não se percebendo muito bem se convictamente ou se por falta de alternativas viáveis («viável» aqui significa capacidade de lhe pagar um ordenado de largos milhões). Ontem, o Tuttosport de Turim falava da possibilidade de uma reunião galáctica em 2022 - com CR7 livre a juntar-se a Messi e Neymar em Paris -, e o Corriere Dello Sport (Roma) avançava a bombástica possibilidade de Cristiano ir jogar (já) para o… Manchester City (!), estando Jorge Mendes a tratar do assunto. Do ponto de vista jurídico, a continuidade de Ronaldo em Turim é a única certeza. Ele tem mais um ano de contrato para cumprir e, se quiser sair, tem de chegar a acordo com a Juventus - a inversa também é válida, naturalmente. Percebe-se que Ronaldo não recebeu sinais positivos dos dois/três clubes que seriam os destinos mais lógicos - Manchester United, Real Madrid e PSG - e que a Juventus não parece tão aflita de dinheiro que considere prioritário o alivio dos 31 milhões que Cristiano ganha por ano.
Se a história do Corriere não se confirmar - Cristiano no City, rival citadino do seu United, seria uma verdadeira BOMBA! - Ronaldo está condenado a ficar mais um ano em Turim, ele que já ganhou tudo o que objetivamente podia ganhar com a Juventus - a Champions está fora do alcance da Signora. Não que a Juventus não seja um grande clube, atenção! - é um dos maiores do mundo. A questão é que, com este plantel (craques indiscutíveis são apenas quatro: os trintões Chiellini, Bonucci e Ronaldo e o jovem Chiesa) e este treinador (Allegri), a Juventus parece não ter condições de satisfazer a legítima ambição do futebolista português de ganhar uma sexta Champions. Não tem futebol nem equipa para isso, como se viu em 2019 (eliminado nos quartos pelo Ajax); como se viu em 2020 (eliminado nos oitavos pelo Lyon); como se viu em 2021 (eliminado nos oitavos pelo FC Porto).
Cristiano Ronaldo: que futuro?
O próprio Ronaldo saberá que, aos 36 anos, já não é o canhão de Madrid, que derrubava adversários atrás de adversários e ganhava eliminatórias atrás de eliminatórias com jatos torrenciais de golos. E também não precisa de ser muito inteligente para perceber que a Juventus, na conjuntura atual (com jogadores como Arthur, Ramsey, Betancur, Rabiot, McKennie, Bernardeschi, Kusulevski…) tem poucas hipóteses de competir olhos nos olhos com o Chelsea, o Bayern, o Liverpool, o PSG, o Manchester City e talvez até com o próprio Manchester United. Pelo menos estes. Ronaldo esteve durante 15 anos seguidos (Man. United e Real Madrid) no topo do futebol mundial e sabe como se ganham Champions. Com a Juventus, baixou de patamar.
O campeonato italiano começa neste fim de semana e a Juventus estreia-se no domingo, em Udine. Será a 20.ª época de CR7 no futebol profissional (vai a caminho dos 1.100 jogos) e a quarta no calcio, onde Ronaldo, repete-se, não tem mais nada a ganhar - foi campeão em 2019 e 2020, ganhou a Coppa em 2021, ganhou a Supertaça em 2019 e 2021, foi eleito melhor jogador em 2019 e foi melhor marcador em 2021. Acompanho a carreira de Ronaldo há 19 anos e acho muito difícil, conhecendo-lhe a ambição, vê-lo entusiasmado com a perspetiva de poder ganhar mais um scudetto. É demasiado curto para quem tem um dos melhores currículos da história do futebol internacional e se habituou a ser considerado o rei da maior competição clubística do Mundo, a Champions League, onde Ronaldo detém os recordes mais relevantes - títulos (5), finais (6), meias-finais (11) e golos (134). Creio que é isso que lhe dói mais. Sentir que tem poucas hipóteses de ganhar a Champions enquanto permanecer na Juventus… e que o rival de sempre, Messi, tem mais hipóteses de chegar lá com o PSG. Com o Manchester City a conversa já seria outra, mas a palavra traitor ecoaria na boca de milhões e milhões de adeptos red devils por esse mundo fora - no fundo, o que Luís Figo escutou em 2000, quando trocou Barcelona por Madrid.
Em janeiro de 2022 Cristiano Ronaldo poderá começar a ouvir propostas. Em junho, com 37 anos, será um jogador livre. Se não acontecer nada de especial até lá, o nosso craque quererá chegar ao último dia de 2021 com mais de 109 golos pela Seleção (apossando-se de um novo recorde absoluto) e com 800 golos na carreira - faltam-lhe 17 para atingir esse marco mítico. Enfim, por ora é o que se pode arranjar.
PSV É DO MESMO PATAMAR
PSV e Benfica têm registos muito semelhantes no formato Champions. O PSV tem 16 participações na fase de grupos e apenas quatro passagens à fase eliminatória; o Benfica tem 15 presenças e cinco passagens. O PSV chegou por três vezes aos quartos de final e uma vez à meia-final; o Benfica chegou por quatro vezes aos quartos de final. O PSV tem um total de 36 vitórias e 25 empates em 114 jogos na Champions; o Benfica tem um total de 37 vitórias e 25 empates em 106 jogos. Tudo muito idêntico, portanto. Tem o Benfica motivos para temer o PSV? Não. É um adversário do mesmo campeonato. Deve tentar impor-se, jogando olhos nos olhos. Tem o PSV motivos para temer o Benfica? Não. É um adversário do mesmo campeonato. Deve tentar impor-se, jogando olhos nos olhos. Tem o Benfica melhores jogadores que o PSV? No papel, claro que sim. Tem o Benfica melhor coletivo que o PSV? É duvidoso. Tem o Benfica melhor treinador que o PSV? Provavelmente, sim. Mas nos quatro confrontos diretos com Roger Schmidt (estava ele no Leverkusen), Jesus perdeu por três vezes e só conseguiu um empate. No papel, tudo muito equilibrado. Mas acredito que os jogadores do Benfica têm mais calo e matreirice que os do PSV. E isso pode fazer toda a diferença.
BRUNO É DE OUTRO PATAMAR
B RUNO FERNANDES é special. Tem tudo o que é típico nas superestrelas: qualidade, personalidade, liderança, continuidade, golo e uma imagem mediática com o tal plus que vale milhões: carisma! Nenhum mr. grey consegue chegar a um clube que tem cerca de 700 milhões de adeptos espalhados por todo o mundo e tornar-se imediatamente uma estrela de dimensão global. Foi o que Bruno conseguiu no Manchester United com uma pernas às costas. O recente e notável hat trick ao Leeds de Bielsa (nenhum de penálti) no jogo de estreia da Premier League foi apenas mais uma exibição inspirada do médio internacional português, que marcou 94 golos (não é gralha: 94) nos últimos três anos. Ser uma superestrela não é para quem quer (ajuda muito querer, mas só isso não chega). É para quem pode. Bruno quer e pode. Por isso continua a subir, a subir, a subir, rumo ao patamar de Luís Figo, Képler Laveran ‘Pepe’ e Cristiano Ronaldo, superestrelas do futebol mundial. É mais do que tempo de Fernando Santos e ele se sintonizarem de modo a que Bruno Fernandes possa, na Seleção Nacional, produzir ao nível do United.