O futebol está de volta

OPINIÃO01.08.202206:30

FC Porto entrou na época a ganhar de forma competente, Benfica tem no mínimo de fazer o mesmo amanhã, frente ao Midtjylland

D EPOIS de dois meses de interregno, eis que volta o futebol a sério. Em Portugal, e em quase todo o lado, esta época um pouco mais cedo por força de um Mundial que, ao contrário do que é habitual, este ano se joga no inverno. No sábado já pudemos, finalmente, ver grandes jogos, todos referentes a Supertaças: em Inglaterra um eletrizante Liverpool-Manchester City (3-1), na Alemanha um extraordinário Leipzig-Bayern (3-5), na Holanda um emocionante PSV-Ajax (5-3). E houve também, por cá, um FC Porto-Tondela (3-0), com muito menos espetacularidade do que os outros três, é verdade, mas ganho de forma muito competente pelos dragões, que não perderam a oportunidade de conquistar mais um título. Não vale a pena entrarmos em comparações entre o nosso futebol e aquele que podemos ver lá fora, é o que é - e o Tondela, mesmo caindo na Liga 2, conquistou com todo o mérito o direito de disputar a Supertaça - e não iria, naturalmente, mudar em dois meses. E, de qualquer das formas, para quem passou as últimas semanas a ver jogos de preparação é, sempre, um upgrade.

OBenfica de Roger Schmidt tem amanhã, frente ao Midtjylland, o seu primeiro grande teste. É verdade que os jogos de preparação entusiasmaram os adeptos, é um facto que parece, esta águia, mais perto de ser a equipa dominadora que os benfiquistas há muito reclamam, mas as vitórias conquistadas durante a pré-época valem, no fim das contas, pouco mais que zero. É a partir de amanhã, dia em que começa a decidir o seu futuro na Champions, que começa o verdadeiro julgamento a este Benfica, o primeiro idealizado, dos pés à cabeça, por Rui Costa. Outro resultado que não uma vitória clara, em pleno Estádio da Luz, sobre um conjunto dinamarquês com pouca dimensão europeia, mesmo que não comprometa as aspirações dos encarnados naquele que se espera o caminho para a fase de grupos da Liga dos Campeões, será um verdadeiro balde de água fria no entusiasmo que o grupo de Roger Schmidt tem conseguido criar à sua volta. Mais do que apenas vencer, ao Benfica importa também convencer.
 

SÉRGIO CONCEIÇÃO disse, na conferência de antevisão ao jogo com o Tondela, ter estranhado o timing dos castigos aplicados pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol a Diogo Costa, Otávio, Manafá e Fábio Cardoso na sequência dos cânticos insultuosos proferidos contra o Benfica nas celebrações do título conquistado pelo FC Porto em maio. O treinador pode ter estranhado, mas, convenhamos, o castigo até terá vindo no momento certo, tanto que a SAD do FC Porto, de certeza em consonância com Sérgio Conceição, decidiu dele não recorrer. Os mais ingénuos poderão acreditar que não o fez porque concordou com a suspensão, ou seja, por ter entendido que aquilo que Diogo Costa, Otávio, Manafá e Fábio Cardoso fizeram merece, efetivamente, castigo. Não teria problemas em acreditar nisso se o adversário em causa não fosse, sem desrespeito, o Tondela...

PENA que poucos tenham dado verdadeiro destaque às denúncias do CEO da ADoP, que revelou ter recebido, durante o processo que conduziu à suspensão (pela UCI, note-se...) da W52-FC Porto, ameaças e, até, um cartucho por correio, em casa. As autoridades, e bem, levaram as denúncias a sério e colocaram diretores da ADoP, e respetivas famílias, sob proteção policial. É incrível que táticas de intimidação como estas continuem a existir no desporto português. É, não nos enganemos, um modus operandi há muito utilizado no futebol (os árbitros que o digam...) e que, sem surpresa, agora se estende, de forma descarada, a outras modalidades. Até quando?