O ‘Diamantino’ que aí vem
O espanhol Arcadi Navarro, responsável pelo Arquivo Europeu de Genomas, assegurou esta semana que seria praticável clonar Messi. «Ele não é quem é só pela genética, é-o pela educação e experiências, mas conseguiríamos um ser idêntico, com o mesmo talento nato», elucidou Navarro.
A estrear a 4 de abril em Portugal, o filme Diamantino, que já vi, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, conta superiormente a história de uma superestrela portuguesa de futebol, uma sugestão de Ronaldo, que entre momentos de comédia e outros de susto nos cria um mundo distópico no qual esse futebolista cai em desgraça e se vulnerabiliza para experiências científicas que visam justamente clonar-lhe o génio para depois, com essa intendência da perfeição, iludir politicamente o povo.
Esta indagação pela origem da genialidade não é nova (o cérebro de Einstein foi removido ao físico sete horas após a morte e estudado durante anos até se ter inferido que neurológica e anatomicamente é igual ao meu ou ao de qualquer pessoa comum), em todo o caso a perspetiva de cópia é nova. Faz parte da ficção, como num filme que sonda contornos políticos e sociais, e pode fazê-lo da realidade, como na ciência genética. É claro que vai acontecer. E é aterrador. Vai acontecer com pessoas. Vai acontecer de forma rotineira. Talvez não no nosso tempo de vida, mas vai, porque jamais a humanidade deixou por fazer algo que pudesse ser feito.
E depois? Quando clonarmos os talentos voltaremos a admirar a raridade e o acaso? Sim. Será outra vez a natureza a colocar-nos no caminho. O entretanto, porém, será longo e marcado pelo desnorte experimental que fará da genialidade a coisa normal.