O campeão mais que previsível

OPINIÃO13.07.202004:00

HÁ pouco a dizer de novo sobre o futuro campeão. A partir do momento em que o FC Porto passou a depender de si, tornava-se mais ou menos óbvio que o processo mais físico, mais repetitivo e rotinado, a precisar menos de estratégia, criatividade e até adaptação aos adversários, tornar-se-ia mais válido, derrubando pelo desgaste acumulado as defesas contrárias.

Os dragões nunca passaram por uma crise ideológica, ao contrário do que aconteceu na Luz. As ideias mantiveram-se iguais, com uma ou outra nuance, sempre simples e muitas vezes eficazes diante da mediocridade geral da Liga, com várias equipas com qualidade em posse, mas um nível médio defensivo abaixo do exigível. Não precisar de reinventar-se foi um trunfo importante num campeonato em que, a dado momento, o maior rival deixou de competir. Um problema exclusivo do Benfica, que não tira mérito a Conceição e jogadores.

Na Luz, promoveu-se o adjunto a principal, porque o último terá entreaberto a porta que Luís Filipe Vieira empurrou, num impulso, contra a parede. Mudou sem mudar. Se mudou sem saber o que era Veríssimo em comparação com Lage errou. Se sabia, ainda pior. A experiência de Flick só funcionou no Bayern  porque o ex-adjunto implementou novas ideias e não seguiu as de Kovac: a colocação de Kimmich no duplo-pivot para ditar novo jogo posicional, com unidades mais juntas e laterais projetados, a liberdade dada ao intérprete do espaço Muller, que renasceu, e a pressão intensa e uma contrapressão com ligação direta ao golo.

Veríssimo é, admitiu-o, a continuidade de Lage. Se estava a prazo, também não era expectável para ninguém, exceto Vieira, que Jesus abandonasse o Flamengo logo depois de renovar e de combinar com os atletas assalto a nova Libertadores. Foi o presidente quem não fez a sua obrigação: resolver o problema.