O Benfica que caminha no fio da navalha
Só se convocar eleições antecipadas, a Direção de Rui Costa terá legitimidade para pedir aos benfiquistas um período de acalmia
C URIOSAMENTE, a situação em que o Benfica se encontra é de uma simplicidade gritante, com alguns dados que, por tão evidentes, só por agendas ocultas não receberão consenso.
Em primeiro lugar, Luís Filipe Vieira. O seu tempo na Luz acabou, e o processo em curso já tratou de separar águas, havendo inclusivamente a possibilidade forte do Benfica se constituir assistente. Portanto, das duas, uma: ou Vieira transforma a suspensão em renúncia, e sai de cena pelo próprio pé; ou os órgãos sociais deverão agir em conformidade e fazê-lo por ele. Depois, também não é difícil perceber que para o Benfica - e não para esta ou aquela fação - são de transcendente importância quer o empréstimo obrigacionista em curso, quer a entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões. Quaisquer ações que promovam ou potenciem o inêxito destas operações, só podem ser entendidas numa lógica de terra queimada, o que não seria entendido pela generalidade dos sócios. Significa isto que, para já, deverá ser decretada uma trégua que permita ao Benfica, com a estabilidade possível, encarar ambos os desafios.
Finalmente, a derradeira condição sine qua non para que tudo o que foi sugerido faça sentido:
- A convocação de eleições antecipadas é essencial, o Benfica só sairá verdadeiramente do atoleiro onde se atascou depois de ouvir, com urgência, a voz dos sócios.
O mês de outubro, ligado nas últimas décadas aos atos eleitorais dos encarnados, parece apropriado, já que permitirá não só a preparação da época, como ainda a formação de listas candidatas às eleições, com tempo de fazerem as melhores escolhas e com a possibilidade de levarem as suas ideias à nação benfiquista.
Sejamos absolutamente claros: a atual Direção (e por arrastamento a administração da SAD), só terão legitimidade para pedir um período de acalmia em nome dos superiores interesses do Benfica, se acionarem os mecanismos que conduzam a eleições.
Caso contrário, numa avaliação política, parecerá que estão agarrados ao poder. E como em política, o que parece, é...
Também deve ser dito que não parece plausível que o Benfica se deixe liderar por quem tem, apenas, legitimidade formal.
PS - Faleceu Duda, referência do FC Porto campeão da década de setenta. Que descanse em paz.
ÁS – NOVAK DJOKOVIC
Apesar da excelente réplica do italiano Berrettini, Nole carimbou a sexta vitória na Catedral de Wimbledon, confirmando-se como um dos maiores desportista do século XXI. Para os amantes do ténis tem sido um privilégio desfrutar simultaneamente de Federer, Nadal e Djokovic...
REI – RUI COSTA
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DUQUE – LUÍS FILIPE VIEIRA
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