Novo recorde na história dos dérbis
A trigésima segunda jornada da edição 2018/2019 da Liga definiu que o Benfica vai acabar a prova à frente do Sporting, algo que acontece, pela primeira vez, em dez temporadas seguidas. O anterior recorde reportava-se ao período entre 1985/1986 e 1993/1994, nove campeonatos, que coincidiram, grosso modo, com o período, para os leões, entre o fim do Rochismo e o advento do Roquetismo.
É impossível olhar para os números desta secular rivalidade e não constatar a importância de Eusébio da Silva Ferreira na forma como o Benfica descolou dos eternos rivais. Até Eusébio chegar à Luz (1960/1961), a igualdade era total, o Benfica tinha ficado à frente do Sporting em 13 campeonatos e os leões tinham superado as águias também em 13 ocasiões. Durante as 15 épocas em que o pantera negra esteve no Benfica, 11 campeonatos foram para a Luz e quatro para Alvalade, o que dá 73,3% para o Benfica e 26,7% para o Sporting. A dinâmica dos anos-Eusébio manteve-se, no contexto Benfica-Sporting, até aos dias de hoje. Depois do king abandonar a Luz, o Benfica ficou à frente do Sporting 32 vezes, sendo superado em doze, o que dá 72,7% para as águias e 27,3% para os leões.
Mas se quisermos olhar os números da maior rivalidade do futebol português à luz do 25 de Abril, os resultados são elucidativos.
Com a revolução dos cravos, dois factos vieram a alterar a face do futebol em Portugal: a lógica de poder democratizou-se, acabando a rotatividade entre Benfica, Sporting e Belenenses para a presidência da FPF; e deu-se o fim da lei da opção, o que permitiu uma nova relação laboral entre clubes e jogadores. O FC Porto foi o mais ágil a reagir a estas novas circunstâncias, e o Sporting o que teve mais dificuldade. No duelo particular com o Benfica, até ao 25 de Abril a taxa de sucesso do Sporting era de 42,5% contra 57,5% do rival. De 1974 ao dia de hoje, os leões baixaram para 26,7% e as águias subiram para 73,3%. Resumindo, e especialmente para quem gosta de olhar os números pelo prisma da história, havia uma realidade até à chegada de Eusébio e outra a partir desse momento.
O que aconteceu ao Benfica com Eusébio da Silva Ferreira, não foi uma mera evolução competitiva, mas sim um salto quântico, que projetou o clube para o mundo, um fenómeno muito semelhante ao que sucedeu com Johan Cruyff no Ajax e com Pelé no Santos.