Nós somos o Rodrigo
1. O gesto de fair play de Dinis, do Sporting, no dérbi de futsal de benjamins, já correu tudo e deixou marcas na boa gente. O Rodrigo é o menino do Benfica, aquele que travou a caminhada da bola para a baliza ali com uma zona entre a cara e a cabeça e viu o árbitro assinalar penálti. O Rodrigo podia ser qualquer um dos nós, aqueles que gostam de futebol e tentam continuar a alimentar a paixão, saltam em desespero para impedir o golo do ódio e da irracionalidade e veem os responsáveis, muitas vezes, assinalar o penálti e sofrermos mais um golo da ignomínia. O nosso drama é esse; o nosso drama é que muitas das vezes não temos o Dinis para nos salvar.
2. Cada passo de Marega em Guimarães a caminho da linha lateral a pedir a substituição por não aguentar mais os mais profundos insultos à sua condição natural ressoou como trovões na consciência da maioria. Os outros são os outros, mas como ainda são imensos e cada vez têm mais voz, é preocupante.
3. A reação imediata às situações extremas costuma demonstrar o caldo em que cada um se coze, os princípios pelos quais se rege e não os ideais que costuma propagar publicamente mas sim aqueles que estão no seu mais profundo âmago. Na fita do tempo, houve muita gente no pós-Marega que ficou com o negativo queimado. Certamente, foi por falta de luz - como não têm própria e a exterior falhou…
4. Um grupo de conhecidos benfiquistas pediu, após as eleições legislativas, que o Benfica se demarcasse da figura de André Ventura, aquele que apanhou o elevador da Luz e chegou ao Parlamento. Se está na Assembleia da República é porque foi eleito e, inquestionavelmente, tem direito a lá estar. Os encarnados nada disseram. Perdura a questão se o homem entrou no carro à socapa ou se a boleia é consentida.
5. O SC Braga de Rúben Amorim perdeu pela primeira vez mas num templo da bola; não numa viela sombria.