Nobres ‘VARES’

Nobres ‘VARES’

OPINIÃO28.04.202306:30

O que se passa na cabeça destas sumidades entrincheiradas numa sala, num cómodo sofá, sem contraditório e público escrutínio?

APROXIMA-SE o fim dos campeonatos pela Europa fora. Com campeões já garantidos (o Barcelona, o regressado Nápoles, o PSG no sensaborão campeonato francês e o Feyenoord nos Países Baixos) e outros ainda suspensos provavelmente até à última jornada. É o caso da Alemanha, onde o Bayern pode não alcançar o 11º título consecutivo (!) e da Inglaterra, na luta entre o Arsenal e o Man City. Outros há, de menor dimensão, onde ainda não há fumo vencedor: Bélgica, Dinamarca, Grécia, Áustria e até a Turquia. E também Portugal. À medida que se aproxima a meta, torna-se mais evidente a ansiedade de quem vai à frente e o nervosismo de quem segue atrás. 

Já o Sp. Braga que não tem nada a perder (o 3º lugar praticamente garantido) e, em tese, tudo ainda pode ganhar, parece ter assegurada a serenidade que lhe permite continuar a sonhar. A tautologia do jogo a jogo é agora a mais verbalizada. A questão chave para o Benfica - líder do campeonato desde a segunda jornada - estará entre a vantagem de 4 pontos e a aparente maior dificuldade do calendário. Tudo seria bem mais claro se, em Chaves, um senhor nobre e um seu adjunto plebeu não tivessem adormecido nos últimos minutos de jogo e, como tal, não tivessem observado o que qualquer cegueta era capaz de ter vislumbrado. Pergunto-me até se alguém malevolamente não terá dado um eficaz soporífero a tão ilustres varistas.

A ajuda do VAR tem sido positiva na aritmética dos fora-de-jogo, mas suscita todas as dúvidas e especulações no que se passa no espaço que os italianos chamam a área do rigor (area di rigore), mas que, por aqui, tem sido um regabofe de ária de opereta bufa sem o necessário rigor. Perto do fim de mais uma época, é visível a regressão da justeza das sugestões/omissões dos VAR para os árbitros de campo. Cada vez pior, portanto. O que se passa na cabeça destas sumidades entrincheiradas numa sala e sentadas num cómodo sofá sem contraditório e público escrutínio, que tendo todas as condições para serem claros e isentos, são capazes de assinalar um penálti em Paços de Ferreira como se o futebol fosse um desporto de pantufas e de o negar em Chaves em dose dupla de pernas e mãos faltosas?

E não é só cá: os VAR dos jogos do Benfica contra o Inter também viraram vesgos, em decisões de todo incompreensíveis.

A questão do VAR não é, pois, a de errar, é a de não ver o que é visível, o que torna este mecanismo clandestino (não sofre consequências, a não ser por via da ilusória jarra de outros jarretas), mais suspeito e passível de insinuações para todos os gostos.

No fim, veremos se o erro ’aldrabão’ de Chaves vai ou não ter influência decisiva.
  

 

FOLHA SECA
Benfica europeu

Digam lá o que disserem, o Benfica voltou a ter uma presença europeia de acordo com os seus pergaminhos e com a grandeza associativa do clube. Vejamos o seu desempenho nas últimas duas épocas, em que atingiu os quartos-de-final da Champions: nos últimos 10 jogos fora da Luz, o Benfica venceu 6 (Ajax, Midtjylland, D. Kiev, Juventus, Maccabi, C. Brugge), empatou 4 (Barcelona, Liverpool, PSG e Inter), não perdendo nenhum, com um score de 23 golos marcados (média de 2,3!)  e 10 sofridos. 


Nos últimos 14 jogos na Luz, venceu 9 (Spartak Moscovo, PSV, D. Kiev, Barcelona, Midtjylland, Dínamo de Kiev, Juventus, Maccabi, Clube Brugge), empatou 2 (Ajax e PSG) e perdeu 3 (Bayern, Liverpool, Inter), marcando 31 e sofrendo 18 golos. Apenas diante dos bávaros de Munique (na temporada transacta) o Benfica baqueou sem apelo nem agravo. Financeiramente, arrecadou nas duas épocas o valor de 137,9 milhões de euros, o que dá cerca de 5 milhões por cada partida das 28 jogadas. Bem sei que há quem desvalorize este percurso e quem bolse sem freios o que lhes vai na real gana invejosa. Há sempre quem diga que os adversários não estavam no seu melhor, há quem desmereça dos clubes das fases de grupo, a saber Bayern e Barcelona em 2021/22 e PSG e Juventus em 2022/23, há quem diga uma coisa e o seu contrário, mas o que é, é: meritória prestação do SLB, entre os melhores da Europa. E não é por causa do trajecto do novo Benfica europeu que vamos voltar, em breve, à penúria de só o campeão ter acesso directo à fase de grupos da Champions. 


JOGOS FLORAIS

«CR7 sofreu uma lesão em zona sensível»
(comunicado do seu clube Al Nassr)

Genitália Al Nassr. Embora já não tenha sido a primeira vez, Ronaldo levou as mãos aos testículos quando saía do relvado após derrota comprometedora, enquanto adeptos do clube rival entoavam o nome de Messi. Como é sabido, os testículos são órgãos muito sensíveis e qualquer trauma causa um grande desconforto. Supõe-se que o atleta tenha sofrido algum impacto da bola na bolsa escrotal, donde o afago da mão na dita e a consequente lesão invocada pelo seu clube. Soubemos mais tarde que tal gesto não gerou nenhum castigo na saudita Arábia. Bem mais grave é tirar a camisola após um golo. 


FAVAS CONTADAS

30. O Benfica é a equipa com mais cantos a seu favor, fruto da carga ofensiva do seu futebol. Mas, ao contrário do início da época, tanto canto tem dado em muito pouco. Nos últimos dois jogos da Liga, os 30 assinalados, não geraram golos ou até oportunidades! Por vezes, ponho-me a pensar por que razão Musa (1,90 m.) só entra nos minutinhos finais…
 

 


FOTOSSÍNTESE

Cnidários e unitários. Li no dicionário que os cnidários constituem a principal ramificação dos celenterados que inclui as anémonas, os corais e as medusas. Li, também, que a Ass. dos Jornalistas de Desporto, CNID, terá participado à UEFA situação «anómala e inaceitável» de, numa conferência de imprensa, ter sido recusada uma pergunta de um jornalista da TVI a Roger Schmidt. Deixo de lado a circunstância de se tratar de um canal que, nos últimos tempos, tem usado e abusado do Benfica para, sem as necessárias exigências deontológicas, tentar aumentar audiências (não sei se o seu director José Eduardo Moniz se sente confortável com tais aleivosias, ele que foi vice-presidente do clube nos períodos referidos). Mas estou na legítima expectativa de ver o tão pressuroso CNID a denunciar a não comparência em conferências de imprensa e outras unilateralidades e birras mediáticas, fora de Lisboa. CNID por fora ou cnidários por dentro?