No jogo contra o Luxemburgo, ganhou o Sporting, não foi?
Um adepto que não sonhe com glórias infindas (como na Playstation, onde as nossas equipas podem ganhar campeonatos até enjoarmos), não é bem adepto
ASeleção Nacional despachou o Catar com um 3-0 e depois veio o jogo a sério, contra o Luxemburgo, a contar para o apuramento do Mundial. O Catar é, aliás o anfitrião deste Campeonato que inaugura os Campeonatos Mundiais de inverno, já que em tal país das arábias, rico em petróleo e dólares, além de ponte entre o ocidente com países e movimentos radicais islâmicos, o verão é insuportável.
Assim sendo, joga-se o Mundial de 2022 lá para o fim do ano, interrompendo a marcha normal dos campeonatos mais importantes da Europa e da América do Sul, porque a FIFA pode, a FIFA quer, e a FIFA é por dinheiro como o macaco por banana. O organismo internacional de futebol queria mundiais de dois em dois anos, e percebe-se porquê: os campeonatos seriam alternados. Uns, em países em que o futebol praticado tem tradição, em que as equipas jogam bem, mas não são dados a recompensar com vida de luxo e sabe-se lá mais o quê, os mandarins da Fédération Internationale de Football Association (nome completo da FIFA). Outros, em países tipo Catar, que oferecem condições excelentes, exceto ter de se jogar no inverno europeu e americano, porque é impossível com 45°C à sombra. Se fosse no Dubai, Emirados Árabes Unidos, poder-se-ia, mesmo, inventar o futebol subterrâneo, uma vez que naquela cidade muita vida se faz nos subterrâneos, mais frescos e mesmo assim cheios de ar condicionado.
Mas voltando ao jogo contra o Luxemburgo, sonhei que os autores dos golos ainda eram todos do Sporting, como jogadores, pois figuras leoninas são sem dúvida: Ronaldo, Bruno Fernandes e Palhinha. E, para não destoar, Matheus Nunes, que também jogou, e ainda Nuno Mendes e Rui Patrício… Já agora, porque não o João Moutinho? Enfim, era uma senhora equipa do Sporting, não desprezando todos os que foram ocupar os lugares dos que saíram (e recordando que Matheus e Palhinha continuam na equipa sportinguista). Só um é insubstituível e todos sabem quem é: o senhor 800 golos! Aquele que Palhinha, num gesto bem-humorado e de homenagem imitou, quando marcou o seu golo.
Ronaldo é, de facto, um ser especial e, não sendo eu daqueles que criticam a direção que Fernando Santos imprime à Seleção, nem retirando mérito ao engenheiro e aos outros muito bons jogadores da equipa, há que concordar que foi com Ronaldo que a Seleção teve os melhores resultados de sempre. Esperamos que continue a ter, e que a alegria que o melhor do mundo mostra a jogar, e sobretudo a marcar golos, ainda dure uns anos bons. (Neste parêntesis quero dizer, com ironia, que se o guarda-redes do Luxemburgo fosse um verdadeiro admirador da arte do futebol, não tinha defendido aquele pontapé de bicicleta com que Ronaldo o brindou).
Palhinha e Cristiano Ronaldo, presente e passado do Sporting ao serviço da Seleção
O FORA DE JOGO
NA final da Liga das Nações, que a França conquistou, sucedendo a Portugal, ao vencer Espanha por 2-1, houve o golo de Mbappé para avivar as discussões. Todos viram que o jovem francês estava fora de jogo, mas o facto de um defesa espanhol (Eric García) ter dado um toque na bola, na esperança de a cortar, acabou por validar a posição do avançado. Confusos? Podem estar, mas é assim a regra do futebol.
Porém, há nesta lei qualquer coisa de estranho, de imoral, que os próprios árbitros que dizem que à luz da lei, o golo foi bem validado, detetam. O caso é que a lei mudou. Até certa altura era preciso a bola vir de um adversário que a tivesse dominada; agora a Lei 11 diz que basta dar um toque deliberado. E assim, há uma penalização para o defesa esforçado. Acaso Eric García estivesse a beber uma cerveja ou a dormir e não se esforçasse por chegar à bola, deixando-a passar sem esboçar qualquer intenção de a cortar, o esférico chegaria a Mbappé e este, com a sua genialidade introduzi-la-ia na baliza, ficando a saber que estava fora de jogo. Mas como o defesa espanhol tentou fazer aquilo que está lá para fazer (e não tem de se aperceber imediatamente que o avançado está ou não fora de jogo), esticou-se todo, deu de raspão na bola, não a desviando do avançado francês e este, com o toque de artista faz um golo que vale uma Liga das Nações.
Ontem mesmo soube-se que em 2022, segundo Arsène Wenger, antigo treinador e atual diretor de desenvolvimento da FIFA, os fora de jogo poderão ser detetados instantaneamente por meios eletrónicos. Infelizmente, Wenger diz que, por dever de sigilo, não pode adiantar pormenores. Mas, desde já, deveriam dar aos jogadores uma pulseira para os avisar quem da sua equipa e da equipa adversária está fora de jogo. Se assim já fosse, Eric García tinha ficado quieto.
Como, também ontem, Luís Afonso (no seu Barba e Cabelo, que se pode ver na última página) comentava, a propósito desta inovação, «convinha manterem algumas particularidades incompreensíveis, senão deixa de haver polémica e perdem a piada toda».
«Particularidades incompreensíveis» é talvez a melhor definição para algumas leis do futebol pelas quais, tantas vezes, acabamos a culpar o árbitro e não quem as imaginou, fez aprovar e aprovou.
O REGRESSO DO LEÃO
NA sexta-feira, e a contar para a Taça de Portugal, o Sporting volta a jogar, depois da interrupção motivada pela equipa nacional. O jogo, contra o Belenenses, o verdadeiro, jogado por isso no lindíssimo Estádio do Restelo, deixa-me com um certo incómodo.
Por um lado, quero que o Sporting ganhe, e vá ganhando na Taça de Portugal, único troféu nacional que escapa ao nosso treinador; por outro, confesso um certo carinho pelo Belenenses, sobretudo depois do que a Liga decidiu em relação ao falso B SAD que se aproveitou do glorioso passado do Clube de Futebol ‘Os Belenenses’. Assim sendo, aproveito já para pedir desculpa aos adeptos, jogadores e dirigentes do clube do Restelo pelo facto de o Sporting ter a obrigação de ganhar.
Mais complicado, seguramente, vai ser o jogo na Turquia, contra o Besiktas, na terça-feira seguinte. Felizmente, tudo o indica, o nosso Pote, Pedro Gonçalves, está de volta. Além de ser um excelente jogador foi - não esquecer - o melhor marcador da Liga na época passada. Também Gonçalo Inácio, cada vez melhor em passes que criam perigo lá à frente (Nuno Mendes foi exímio na Seleção a fazê-los e Gonçalo está a imitá-lo) é igualmente uma mais-valia.
Uma vitória na Europa, fora de casa, pode não querer dizer nada, ou significar muita coisa. Mas será, sem dúvida um enorme incentivo para os quatro jogos seguintes, todos em casa: Moreirense para a Liga, dia 23; Famalicão (o maldito) para a Taça da Liga (dia 26); Guimarães, para a Liga (dia 30) e, de novo, o Besiktas, para a Liga dos Campeões. Estamos a falar de seis jogos em 18 dias. E são todos para ganhar. Já pensaram na equipa que coloquei no início? Não falámos de Adán, de Coates, de Pedro Porro, de Sarabia e de Paulinho. Sim, falta-nos um Ronaldo, mas temos equipa. É acreditar!
À ALBANESA
Rui Costa ganhou as eleições no Benfica à albanesa (84%). Não quero dizer que tenha havido chapelada, mas apenas que a sua responsabilidade é imensa, e que o Benfica não tem muito mais soluções. Felizmente (alerta de ironia) Jesus deu-lhe a bênção, ao dizer que já era tempo de ter um antigo jogador a mandar nele. Valha-me Santo Eusébio, não há quem cale o Mister Jorge Jesus?
À RICA
O FC Porto conseguiu este ano lucros que constituíram recorde na sua história. Aplaudo e congratulo-me. Fica provado que para a equipa da capital do Norte é mais proveitoso não ganhar o campeonato e ficar atrás do Sporting.
À ESPREITA
O Sporting já tem candidatos presidenciais para disputar o lugar a Frederico Varandas. Os nomes de Nuno Sousa, Miguel Albuquerque e Ricardo Silva Oliveira já saltaram. Isto significa que se precipitaram: Varandas, com mais mérito que demérito, tem neste momento todas as condições para ser reeleito, caso queira. As eleições, que serão entre março e abril do ano que vem, ainda estão longe… e até lá espero que mudem o sistema de eleição para duas voltas. Ao menos essa alteração simples nos estatutos faz sentido (embora Varandas tenha condições de ganhar por maioria absoluta).