Nem tudo era lata, nem tudo é ouro...
Há uma semana, a propósito do Benfica-FC Porto e reportando-me à equipa encarnada, fiz um título para este espaço de crónica que dizia: «Nem tudo era ouro, nem tudo é lata.» Ontem, depois de ver a exibição do Benfica, que goleou em Braga, optei por fazer apenas uma troca de ordem nas palavras do título: «Nem tudo era lata, nem tudo é ouro.»
Para um clube que vai disputar a Liga dos Campeões e deseja revalidar o título nacional, o Benfica tem um plantel interessante, sem ser exuberante, que chega ao fim do mercado (a não ser que o dia de hoje traga surpresas) a precisar ainda de alguns retoques pontuais. Onde é que o Benfica de Bruno Lage mostra mais vulnerabilidades? Parece claro que a transição defensiva da equipa não é de nível top, ao contrário de outros automatismos que estão muito afinados e magoam os adversários, e isso dificilmente conhecerá melhoria substancial com o quadro de jogadores à disposição do treinador. Poder-se-á dizer, nesse particular do trabalho defensivo no momento da perda da bola, que Raul de Tomas corre muito mas ainda não corre sempre bem e que com o tempo pode lá chegar; ou ainda, que Jota, que conhece os cantos à casa, pode ser uma alternativa pronta a usar. Uma e outra coisa, aceito e até compreendo. Mas, mais atrás, na ausência de Gabriel (e do melhor Samaris ou do Fejsa de há três anos) sente-se falta de peso e de experiência, algo que Diamantino Miranda, na última Quinta da Bola, traduzia por «homens de barba rija», que façam sentir a sua presença. Sei que na Liga estas carências só são pontualmente notadas. Mas a Liga dos Campeões, onde cada ponto ganho faz entrar 900 mil euros nos cofres, é cruel e não perdoa. E é desse patamar que estou a falar.
Depois, há a questão da baliza. O Benfica tem um excelente guarda-redes, habilitado para jogar ao mais alto nível. Mas será que tem dois? Ou três? O PSG deve assinar com Keylor Navas e contratou Sérgio Rico, para o que der e vier...
Relativamente ao Sporting e à transferência de Raphinha para o Rennes, por €20 milhões, estamos perante um ato de necessidade, que penaliza a equipa desportivamente. Cada vez mais Frederico Varandas precisa de explicar, de viva voz, aos sócios, para onde está a levar o clube, com que meios e com que objetivos. Assim só está a dar trunfos à quinta coluna...