Natal
Bem sei que estamos em março, mas se não é Natal, parece. Estão reunidas todas as condições para uma grande consoada. O Sporting leva o Pinheiro (perdão, pinheiro) que em janeiro de 2011 foi prometido ao então treinador Paulo Sérgio e que, oito anos depois, foi finalmente entregue, no Estádio do Bessa, ainda a tempo de ajudar os leões a ganhar o jogo. Convida-se Tales de Souza, o baixinho que em 2011 chegou em vez do Pinheiro (perdão, pinheiro). Como está a jogar na Finlândia, pode trazer o bacalhau. Em último caso, Sérgio Conceição leva aquele que ficou a dever a João Félix. O peru, nem há discussão, Vlachodimos faz um tempero de chorar por mais (ou por menos, no caso dos adeptos do Benfica), e Rúben Dias trata das prendas - mas não vale Silas desembrulhar e dizer que não é oferta.
Neymar fica encarregue da bebida, Sergio Ramos filma tudo e José Mourinho faz os comentários. Não pode é falar muito alto para não acordar Muller, Boateng e Hummels, que provavelmente vão adormecer no sofá com uma mantinha e uma botija de água quente providenciadas por Joachim Low. Nos tempos mortos pode jogar-se ao verdade ou consequência (o V. Setúbal fica de fora), às cartas (se fizerem batota com Sérgio Conceição, já sabem, golo do Éder) ou visionar-se o filme espanhol sobre o fantasma do VAR, um alucinante thriller sem personagens e numa sala vazia (a versão portuguesa tem pessoas na sala mas o enredo é igual). Só é preciso ter cuidado a sentar os convivas, há sempre os desavindos: recentemente o V. Guimarães faltou ao respeito ao Sporting por reclamar o dinheiro que os leões lhe devem (se a música de Conan Osiris chegou às crianças do Quénia, o dinheiro também há de chegar à Cidade Berço). Ronaldo leva o bolo-rei e dá a fava a Florentino Pérez, que também faz de burro no presépio. Só não há Jesus, está na Arábia Saudita, mas chama-se o Espírito Santo porque a vantagem de fazer o Natal nesta altura é que não há boxing day. A despesa? Fala-se com o gestor de conta de Bruno Fernandes.