Não ser o que nunca se foi

OPINIÃO24.01.202003:00

Não era preciso ter uma bola de cristal em início de setembro para adivinhar que o Sporting, se não fosse o desastre que está a ser, estaria muito perto disso. À política de contratações errática num clube com pouco dinheiro, soma-se uma Direção perfeitamente convencida de que fez tudo bem até agora, uma massa adepta profundamente dividida, um treinador com cara do mais amargo sofrimento a cada jogo do leão, um capitão de equipa desesperado por não ver o futuro definido duma vez por todas, um Conselho Diretivo que dá sinais de cisão, por mais que o tentem esconder, jogadores do plantel principal sobrevalorizados salarialmente para o valor desportivo que demonstram, e uma parte fulcral do clube - as modalidades de pavilhão - a reclamar por meios financeiros para lutar por títulos.

Com ou sem Bruno Fernandes, no futebol a época até final arrisca-se a ser um estertor. E depois de maio colocam-se muitas dúvidas sobre a permanência de Silas. Será mais um treinador incinerado na fogueira de Alvalade.

Nos últimos tempos abdicou das suas ideias de tentativa de jogo atraente e ofensivo e, sem resultados, ficou com muito pouco. Vai dizendo nas entrelinhas o que ainda não afirmou com todas as letras, tal como todos os outros responsáveis do clube, e que está à vista de toda a gente: este Sporting já não é porque nunca foi um real candidato ao título.

Com a época no futebol hipotecada, não se percebe muito bem a razão pela qual Varandas não aposta agora nas modalidades. A resposta mais óbvia é que não há dinheiro, mas no futebol também não há e continuará o fluxo de entradas e saídas.

Na gestão dum clube é preciso racionalidade, mas nem todas as decisões têm de ser tomadas em função duma folha de Excel. Sem títulos no futebol e se ganhar pouco nas modalidades, Varandas ficará com muito pouco para mostrar porque o coração dos adeptos não bate ao ritmo da introdução de números numa folha de cálculo.