Não pode ser questionado
Vitorino
HÁ uma empresa que, em parceria com vários clubes, procede ao tratamento de dados da liga espanhola. Nestes termos, apurou um onze ideal, resultante do rendimento objectivo de cada jogador, posição por posição. A começar pelo guarda-redes (Ter Stegen, Barcelona) e a acabar no ponta de lança (Benzema, Real Madrid), passando por Piqué (Barcelona), Messi (Barcelona) e Antunes (Getafe). Alto aí! Qual Antunes? Pois quem haveria de ser? Evidentemente, o nosso Vitorino Antunes, 32 anos, defesa-esquerdo do Getafe há duas épocas, pelo qual participou este ano em 31 partidas, em muito tendo contribuído para que a sua equipa se tenha qualificado para a Liga Europa.
Karl-Heinze Rummenigge
ABundesliga desta época já está corrida. No domingo jogou-se a derradeira jornada e, mais uma vez, a sétima seguida, o Bayern Munique sagrou-se triunfador. Tal como sucede em Itália com a Juventus, uma equipa e outra incorrem no sério risco de passarem de dominadoras a campeãs perpétuas. De volta ao nosso ponto: amanhã, sábado, o clube bávaro disputará a final da Taça da Alemanha. Mais importante ainda: dois dias depois enfrentará o Kaiserslautern, em cujo currículo constam quatro títulos de campeão, duas Taças da Alemanha e uma Supertaça. Porquê este desafio fora de horas? Antes da resposta devida, lembre-se que o Bayern goza de uma idiossincrasia muito própria, de que é expressão maior o facto de toda a sua cúpula dirigente ser constituída por antigos jogadores de relevo na agremiação teutónica. Acontece então que o Kaiserslautern, presentemente na terceira divisão, vive uma grave crise financeira. Daí este jogo, cujas receitas revertem integralmente para a inscrição do rival na próxima época. Nas palavras de Rummenigge: «O futebol vive de emoções, de rivalidade desportiva e também de solidariedade. É por isso que gostamos de ajudar e esperamos que o Kaiserslautern volte à Bundesliga num futuro próximo.» É de se lhe tirar o chapéu, sim senhor. Mas já havia (bons) precedentes: desde o St.Pauli ou o 1860 Munique até ao principal rival do campeão na última década, o Borussia Dortmund, que beneficiou de um empréstimo concedido pelo Bayern, no montante de 2 milhões de euros, sem garantias, numa altura em que o clube não tinha sequer recursos para pagar os salários.
O Autor
Sábado passado o Manchester City bateu o Watford (6-0) na final da Taça de Inglaterra, conquistando assim o terceiro título oficial da época. Os citizens tornaram-se, desta sorte, na única equipa inglesa a fazer um triplete só de competições internas.
Vivemos um momento em que - finalmente! - parece ser consensual o reconhecimento de Jurgen Klopp e Pep Guardiola como os dois melhores treinadores do mundo, pese embora a natureza antitética dos respectivos estilos de jogo. Outro nome que para muitos ombreia, ou mesmo supostamente supera estes, é o de Marcelo Bielsa, o campeão do fair play. Pois foi precisamente este quem assim sentenciou: «A beleza de jogo das equipas de Guardiola é inimitável. Guardiola constrói equipas de autor. Tem o mistério do indecifrável.» Muito bem dito.
Lage e os japoneses
Eno meio de uma euforia descontrolada à sua volta, Bruno Lage teve uma atitude cívica e pedagógica quase tão insólita como inédita: do palco montado no epicentro da festa encarnada, na chamada rotunda do Marquês, pediu aos adeptos que deixassem o espaço público limpo. Mas estes, que até têm razões de sobejo para lhe satisfazerem qualquer capricho, fizeram orelhas moucas e não estiveram, obviamente, para se armar em japoneses.
Com a alma a arder
Morreu aquele que nem a velocidade, nem o fogo, nem o tempo foram capazes de travar. O seu nome era Niki Lauda. Confidenciou-me o poeta Ricardo Álvaro que o mítico piloto austríaco «decidiu ir dar uma curva larga e infinita ao circuito do Olimpo».
O Dragão na ressaca do fracasso
Epronto, amanhã encerra-se oficialmente a época 2018/2019. Espero que acabe como começou, ou seja, com uma vitória do Dragão. E, sobretudo, que não haja desempate por grandes penalidades. Abra-se aqui um parênteses para subscrever a irrefutável análise feita neste jornal pelo eminente portista Miguel Sousa Tavares sobre a política de utilização dos guarda-redes, pelo que, obviamente, não deveria caber a Fabiano a defesa da nossa baliza. Para mim, e de antemão reconhecendo o quão controvertido pode ser o que se segue, o melhor guardião portista é o senegalês Mbaye. Parênteses fechados.
Mas não há como limpar o palato que insiste em reter um travo amargo de frustração que corta e une o miolo central. Não gosto de falar de arbitragens, mesmo quando o seu grau de erro ultrapassa todos os limiares da decência, como sucedeu, pelo menos em triplicado, na recta final e decisiva do campeonato. Sem embargo, não pode haver lugar a mistificações: a verdade é que o FC Porto perdeu o título porque no confronto directo com o seu rival foi derrotado nos dois jogos. Em ambas as partidas, reconheça-se, por demérito próprio, não por culpa dos árbitros. Ora, só esses dois jogos implicavam 12 (doze!) pontos, correspondentes a mais 6 para o vencedor e menos 6 para o vencido. Assim sendo, não pode ser questionada a conquista do título por parte do adversário.
Quanto ao futuro próximo, falaremos depois. Todavia, devo desde já confessar que começo a ficar deveras assustado com o que vou lendo sobre entradas e saídas…
O Dragão na alvorada de novos sucessos
EM corolário de uma temporada a todos os títulos brilhantíssima, a equipa de andebol do FC Porto voltou, três longos anos depois, a vencer o campeonato nacional. Facto que fica para os registos dos anais e das estatísticas. Porém, o mais impressionante da campanha agora finda foi a carreira simplesmente espectacular a nível europeu. Parabéns a Magnus Andersson e a todos os seus rapazes.
A este triunfo somou-se igualmente o resgate do título de hóquei. E até o basquetebol, depois de uma fase regular medíocre, ressurgiu agora nos play-offs em curso com um poderio que ainda há poucas semanas era insuspeito.
Entrevista imaginária
- Como distinguir o primeiro do segundo poste?
- Uma vez que são ambos inamovíveis da linha de fundo, não há precedência de um sobre o outro, logo não pode haver nem primeiro nem segundo poste.
- São então como as bolas paradas?
- Exacto! Com a subtil diferença de que só pode haver uma bola em jogo e que este pára automaticamente se aquela não estiver a rolar.