Muitos suspiros
Numa semana em que as selecções mostraram que isto de favoritos no futebol já não é o que era, ficou o aviso para semana de Taça. Primeiro, segundo e terceiro classificados do último mundial, França, Croácia e Bélgica, embora favoritos, deram passagem a Holanda (nem se havia classificado para a última prova), Inglaterra e a Suíça, que, com a preciosa ajuda de Seferovic, conseguiu o mais surpreendente apuramento para a fase final da Liga das Nações.
Reduzir Fernando Santos a uma boa pessoa (embora o próprio não se importe), é não ver o essencial. Fernando Santos é excelente seleccionador, com os melhores resultados de sempre do nosso futebol de forma continuada. Transformou a vitória reiterada numa coisa simples e festeja-as com a grandeza dessa simplicidade. Ganhou o grupo sem derrotas e apurou Portugal para a final four de mais uma competição. Não foi sorte, foi mérito. E irrita-me esta comunicação opinativa que, quando não apanha um grunho carismático de pacotilha, tende a desvalorizar os seus feitos.
A Taça de Portugal é um objectivo importante e Rui Vitória lançou em moldes correctos o próximo ciclo de jogos. Os benfiquistas não querem ter esperança em resultados, querem um plano concreto e jogo para os conseguir. Rui Vitória foi directo e assertivo com esse desejo que é o dele como técnico e o nosso como adeptos. Vencer a Taça de Portugal não faz, por si só, uma boa época para um clube como o Benfica, mas acabar a época a subir as escadas do Jamor com a Taça garante que nunca será uma má época. O Arouca era o tipo de adversários com mais riscos para esta fase da prova e da temporada. Vencer não era mais do que cumprir a obrigação e ser eliminado era um escândalo com contornos de dramatismo. Acresce que as equipas da Liga2 podem não motivar tanto, nem criar tantos alertas nos adversários, mas são de qualidade idêntica a metade das do primeiro patamar do nosso futebol.
Benfica venceu por 2-1 num jogo longe de ser tranquilo. Venceu no último suspiro um jogo de muitos suspiros. Ultrapassar esta eliminatória era o essencial neste momento, mas estamos longe do necessário para a conquista de títulos. Que as vitórias difíceis e sofridas possam ajudar a encontrar o caminho, pois, sem tirar mérito, ao Arouca foi sofrimento a mais. Fica a vitória.