Missões cumpridas
Agosto era, à partida, mês terrível para o Benfica. Potencialmente decisivo na projeção para toda a temporada. Duas eliminatórias a ultrapassar rumo à Champions, quatro jornadas do campeonato - com deslocações ao Bessa e ao Funchal e dérbi pelo meio -, soma de 8 confrontos em 27 dias, sempre ao ritmo de 3 jogos por semana, e sob enorme pressão (dando de barato que amigável com o Lyon - única derrota: 2-3 -, a 1 de agosto, foi apenas mais um treino…). Muito duro arranque de época, física e animicamente (ai se falhasse!).
Desta vez, o Benfica soube preparar-se para o tiro de partida - tão longo quanto crucial. Ao invés do que acontecera na estreia de Rui Vitória (disparatadíssima digressão americana e sob tremendo peso da sucessão de Jorge Jesus!) e também, noutros moldes, há um ano: transferências de Ederson, Semedo, Lindelof, Mitroglou, sem qualquer compra com idêntica valia (Krovinovic, não direto substituto, chegou para ser operado…). Agora, fasquia colocada, como primeira prioridade, nos €43 milhões de entrada na Champions, boa preparação expressa em dois moldes:
1 - Manter todos os jogadores nucleares e reforçar o plantel (sobretudo, guarda-redes, dois defesas centrais - destes, ainda não se percebeu o que podem valer - e puros dois avançados de grande área, característica que Jiménez, agora emprestado, não possui).
2- Nível dos adversários na pré-época: Sevilha, Dortmund, Juventus, Lyon.
Evidentíssimos méritos de Rui Vitória e da sua equipa técnica: tática e estratégia muito mais consolidadas; preparação física de alto nível para aguentar tão infernal ritmo de jogos; capacidade de superar, sem queixumes, lesões de Jonas (!) e de Castillo, a par do dececionante rendimento de Ferreyra. Mesmo no empate cedido ao Sporting - porque na Luz -, unanimidade de opiniões: à parte o pormaior de finalização, Benfica claramente superior. Balanço deste arranque, bem duro e… fundamental!: missão cumprida. Tal como, noutro contexto, o do Sporting (já lá irei).
Críticas a Rui Vitória (até neste vitorioso percurso voltaram a estar na moda…). Exemplo: insistiu no mesmo onze, apesar de possuir plantel dito de luxo - e, nos jogos, fez sempre as mesmas substituições (que monotonia!). De facto, limitou-se ir rendendo Salvio e Cervi por Zivkovic ou Rafa. E, em Istambul, preteriu Ferreyra, optando por Castillo (lesionado ao cabo de 20 minutos…). Por fim, na busca de ponta de lança mais pujante e eficaz, recuperou Seferovic. Pergunto: que mais deveria ter feito?
- Teve alternativa ao desgastadíssimo André Almeida? Zero!!! Eis como prossegue a espantosa saga dos defesas direitos: há um ano, contratação de 5 ou 6… - e nem um se aproveitou!; agora, aquisições de Ebuhei (imediata grave lesão) e de Corchia (ainda mais rápida baixa clínica).
- Ok, para render Grimaldo, tem Yuri Ribeiro, regressado de empréstimo ao Rio Ave. Falta ver se já com pedalada para um grande.
- Vlachodimos e dupla Rúben-Jardel permanentemente. Para além da grande importância de sincronizar guarda-redes e defesas centrais, não são estas as posições com menor desgaste físico?
- Médios: aí, sim, máximo desgaste (como defesas laterais e extremos). Que opções a Gedson-Fejsa-Pizzi? Até agora, estando Samaris apostado na liberdade em janeiro, Keaton Parks na equipa B e sendo Gabriel aquisição de última hora… quem? Apenas o menino Alfa Semedo que Vitória fez questão de recuperar do Moreirense - excelente estampa atlética, boa qualidade potencial e… muito para aprender, desde logo taticamente. Tem sido chamado, passo a passo, para render Fejsa ou para segurar triunfo reforçando - mais vigor - o centro da linha média.
Então, que fartote de alterações/poupanças poderia o treinador ter feito?! Ele há embirrações…
Vulcão. Registe-se, nadinha tendo de somenos, mérito extra do líder técnico e do plantel: resistência à vulcânica torrente de problemões com casos judiciais em que o Benfica se envolveu! Não parecendo ser vítima…
Sporting: bicudíssimas tarefas cumpridas por Comissão de Gestão, Sousa Cintra, José Peseiro e jogadores, recuperando de cataclismo - e aguentando permanentes manobras de desestabilização das quais o máximo destituído tem a suprema/irracional lata de não abdicar! Egocentrismo para o Guinness! Depois de amanhã, previsivelmente num renhido despique, será eleito novo comando diretivo para enfrentar o que, bem árduo, irá seguir-se. Boa sorte!