‘Men in black’

Será o árbitro mais que o cidadão comum ofendido por terceiros?!...

AAssociação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) pretende propor à Liga a subtração de pontos às sociedades desportivas em casos de violência desportiva. O presidente da APAF referiu que a pretensão passa por serem aplicadas medidas mais duras para casos que extravasem a normalidade. É factual, por exemplo, que ao nível distrital perde-se a contagem dos casos que fazem a realidade superar, em larga escala, toda a possível ficção. Porém, o sindicato dos árbitros apela a mais do mesmo: «Uma justiça mais célere e pesada» pois «há margem para alterar moldura penal».

Alterações legislativas ainda se percebem, mas pedir-se celeridade na justiça comum tem muito que se lhe diga e à APAF cabe-lhe posicionar-se no lugar do cidadão comum: que é aguentar. O futebol já goza de determinados privilégios e se é para meter alguma coisa a andar (mais célere) que seja a justiça desportiva que até se vê a movimentar-se agilmente com a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD). Palavras sobre justiça rápida na vertente penal não desportiva ... é para inglês ver. Incrédulo, referiu o presidente da APAF que não percebe como é que é possível que «num estado de direito se demore dois, três ou quatro anos a condenar um indivíduo que agrediu um árbitro?».

Pergunta-se: o árbitro é mais que o cidadão comum ofendido por terceiros? Há várias formas de tentar começar a curar problemas na arbitragem. Uma delas é estabelecer-se a arbitragem como profissão com os necessários parâmetros a todos os níveis legais. Enquanto tal não sucede, os agentes da arbitragem têm que demonstrar mais competência e seriedade, dando a conhecer ao público em geral a sua voz e mostrando vontade em explicar-nos o que lhes vai na alma quando cometem erros grosseiros. Isto é desculpa para as 79 agressões a árbitros nas últimas 3 épocas desportivas? Não! Mas existe um padrão do lado dos árbitros visto que os agressores não são todos a mesma pessoa.